30 dezembro, 2008


RESOLUÇÕES DE ANO NOVO
(Para cumprir):



- Estudar durante 3 a 6 meses em Nova Iorque ou Los Angeles ou Londres (já está definido como prioridade e já ando a pesquisar cursos);

- Organizar melhor o meu tempo;

- Fazer o curso de reiki;

- Organizar jantares mensais com os amigos para não ficar tanto tempo sem os ver;

- Viajar (sempre que possível);

- Regressar às aulas de ténis ou encontrar uma aula de dança de que goste;

- Entrar na linha (o Natal foi o caos);

- Estar mais disponível (muitos brilhos e purpurinas!).

29 dezembro, 2008

Foi a minha amiga Van que me fez descobrir este texto maravilhoso de uma das minhas séries preferidas: Anatomia de Grey.


Fresh starts. Thanks to the calendar, they happen every year.
Just set your watch to January.
Our reward for surviving the holiday season is a new year.
Bringing on the tradition of New Year’s resolutions.
Put your past behind you and start over.

It’s hard to resist the chance at a new beginning.
A chance to put the problems of last year to bed.

But who gets to determine when the old ends and the new begins?
Actually, it’s not a day on the calendar, not a birthday, not a new year.
It’s an event. Big or small. Something that changes us.
Ideally, it gives us hope.

A new way of living and looking at the world.

Letting go of old habits, old memories...
What’s important is that we never stop believing,
we can have a new beginning.
But it’s also important to remember that amid all the crap
are a few things really worth holding on to.
avó


A vela está com uma chama que se tenta impor perante os movimentos bruscos do ar. É injusto morrer-se numa cama de hospital. É injusto partir doente, debilitada, cansada. É injusto deixar-nos quando ainda nos faz tanta falta. É terrivelmente injusto vê-la partir aos poucos. Mais do que isso, é injusto a minha avó ter noção de que vai partir em breve. Foi uma pneumonia que a atirou à cama, depois de se ter começado a render ao cansaço do coração e à tristeza de ter perdido o meu avô. A minha avó é a matriarca. Nasceu princesa em S. Miguel. O pai era farmacêutico e morreu quando a filha Olga tinha apenas três anos. Três meses depois morria a minha bisavó com um filho ainda no ventre, que também não sobreviveu. Era diabética e depois da morte do marido, que lhe controlava a comida, os níveis de açúcar no sangue acabaríam por se descontrolar. A minha avó foi assim criada pelo avô, um grande pianista, a madrinha, e as primas. Cresceram todas juntas, como irmãs. Contou-me tantas aventuras que viveu na ilha e nunca se cansou de revelar o episódio em que conheceu o meu avô, que entretanto tinha ido fazer a tropa para S. Miguel. Eram lindíssimos. A minha avó continua a ser. Loira, com cachos largos e brilhantes e a pele branca acetinada. Os olhos eram duas estrelas cintilantes, cheias de vida, mas agora parecem vazios, desorientados e opacos. O meu avô parecia um galã de cinema. Olharam-se e apaixonaram-se. Primeiro o meu avô apaixonou-se pelos tornozelos da minha avó. A minha avó casou-se por procuração na ilha para ter uma grande festa, com tudo a que tinha direito sem a presença do meu avô que estava cá no continente. Depois veio ter com ele e a vida de princesa chegava ao fim. Augusto, comunista de gema, recusou-se a colaborar com o regime de Salazar e ficou desempregado durante sete anos já a minha avó tinha três crianças seguidas. Passaram fome, trabalharam muito para ganhar uns tostões. A minha avó sempre teve muito jeito para as artes e começou a fazer bonecas feitas de conchas para vender aos turistas. O meu pai e o meu tio corriam as praias para apanhar o material de que a minha avó precisava. Com o fim da Ditadura o meu avô conseguiu arranjar emprego e a vida melhorou substancialmente. Mas a Maria Olga nunca mais voltaria a ter a vida de princesa. Se bem que sempre achei que a minha avó tem um ar aristocrata, de senhora- talvez seja por isso que me custe tanto a vê-la ali, deitada na cama, sem colares, sem brincos, sem baton, sem verniz nas unhas, com o cabelo branco a sobrepor-se ao loiro, triste, rendida à doença e ao cansaço. Hoje apertou-me a mão e disse-me numa voz quase imperceptível que eu era muito querida. Fiquei com um nó na garganta, tive de fazer um enorme esforço para não deixar cair as lágrimas que estavam a romper dos meus olhos. Limitei-me a sorrir e transmiti-lhe toda a força que tinha, que já começa a ser pouca. Queria dizer-lhe que vem para casa amanhã, queria ir buscar-lhe a roupa e os sapatos para irmos embora, queria convidá-la para almoçarmos no restaurante. Faço um enorme esforço para acreditar que isso ainda é possível, que ainda vou ter a minha avó por perto durante mais algum tempo. Mas são 87 anos e o coração está cansado. Ainda não estou preparada mas tenho de começar a pensar na despedida.

21 dezembro, 2008

Pó de Arroz - Tributo a Carlos Paião

Gosto desta versão. Gosto.

20 dezembro, 2008

Ás treze semanas e cinco dias... parece que vem aí uma Matilde.

Arcade Fire - No Cars Go

EM DIA SIM! Esta música dá mesmo pica!

16 dezembro, 2008

CANDIDATO À CÂMARA DE LISBOA


Estamos mesmo na fase de ouro do humor! Ouro não, diamante!

Salvem os ricos - OS CONTEMPORÂNEOS

Em 2008 eles esforçam-se por salvar os ricos.
Digam lá se não metem o Live Aid num chinelo?! Perante a crise valha-nos o humor, que parece estar ao mais alto nível. GENIAL!

Do they know it's christmas -LIVE AID

Em 1984 eles tentaram salvar os pobres...

15 dezembro, 2008

Mariah Carey - All I Want For Christmas Is You

Ele há com cada música mais pirosa... do teledisco prefiro nem falar!Mas é daquelas músicas que não prescindo no Natal! Faz-me tão bem aos ouvidos e ao espírito! ALL I WANT FOR CHRISTMAS IS YOU!!!ADORO!

14 dezembro, 2008

Tenho tido a sorte de conhecer pessoas de Leste incrivéis, de uma generosidade arrepiante. O O. e a L. fazem parte delas. A L. recebe-me sempre na sua casa com a maior simpatia. Tem trinta e cinco anos e uma filha de dezassete. Veio para Portugal para acompanhar o marido, que já cá estava há alguns anos. Deixou a família, a dança e nunca chegou a exercer o curso de Realização que tirou. Veio atrás do amor, que havia de acabar uns anos mais tarde. Ficou com a filha a seu cargo e sem casa. Teve de arregaçar as mangas. Como mulher de armas que é, alugou uma casa e começou a trabalhar ainda mais, a limpar casas. Depois percebeu que podia fazer um curso que lhe permitisse arranjar outro tipo de emprego. Decidiu-se pela estética e pela cosmo-dermatologia. Como o curso é bastante caro pediu dinheiro emprestado e hoje faz o sacrifício de trabalhar nas limpezas durante o dia e estudar à noite. Ontem fui à nova casa dela. Alugou-a a um conhecido. É uma casa linda, luminosa, confortável - é a cara dela. Percebi que a L. está a arrumar a vida dando um passo de cada vez. Convidou-me para um chá e insistiu que comesse um pastel de nata. Conversámos bastante. Admiro imenso aquela mulher cheia de garra. Tudo o que tem conquistado é fruto do seu trabalho e da sua generosidade. É mesmo boa pessoa, sente-se logo! Fiquei muito feliz por vê-la na casa nova, com um brilho diferente. Ela merece tudo o que está a construir.
O O. hoje ofereceu-me um bolo, depois da massagem. Fê-lo para mim. Normalmente sou eu que faço para os outros. Adoro cozinhar e faço-o sempre que posso. Mas desta vez fizeram um bolo especialmente para mim. Um bolo, de maçã - deve ser uma receita russa, presumo. Da última vez que o encontrei levei-lhen um bocado de bolo de iogurte que tinha feito para os meus colegas. Ele disse-me que depois me entregava a boleira com recheio. Pensei que estivesse a brincar mas pelos vistos não estava. Lá vim eu para casa com um bolo de maçã só para mim! Eu não mereço! ;) Sou mesmo uma sortuda em estar rodeada por pessoas assim.

"Os ossos partem-se. Os orgãos rebentam. A carne rasga."

In "Anatomia de Grey"

11 dezembro, 2008

Quem conta um conto acrescenta um ponto...


Foi esse o desafio lançado pela revista Actua. Nesta edição fui convidada a acrescentar "um ponto" ao conto da edição anterior. Aqui vai:



O despertador tocou num tom grave, violento, estridente, quase ameaçador. Os raios de sol entravam timidamente pelo picotado das portadas majestosas de ferro verde. Uma mão engelhada empurrou o despertador para fora da mesa-de-cabeceira de verga, fazendo com que se calasse. O estrondo que a queda do relógio provocou arrancou Hércules - um cão de porte pequeno, rafeiro, com orelhas compridas e pêlo manchado de negro, que fazia lembrar uma vaca - da cama fofa forrada por uma manta de xadrez vermelho, em fazenda. Maria acordou com a língua áspera de Hércules a passar-lhe pelo rosto, em movimentos bruscos. A cauda do cão chicoteava alegremente os braços de Maria. Depois de abrir os olhos cumprimentou Hércules com festas e beijos no focinho peludo. Vestiu o roupão de lã cor de framboesa e lavou a cara na casa de banho ao fundo do corredor. Caminhou até à cozinha, em passos preguiçosos e arrastados, e pôs a água ao lume, para fazer um chá de cidreira. Sentia-se só, mais só do que nunca. No peito ecoava um vazio sufocante. Olhava em redor e a angústia da solidão deixava-a deprimida. Aos quarenta anos sobrava-lhe a companhia de Hércules, o único que nunca a desiludira, que nunca a traíra, que nunca a abandonara. Tirou o púcaro do lume e viu a sua imagem reflectida no inox envelhecido. O cabelo estava desalinhado, o castanho-escuro mesclado de um tom chocolate estava a perder terreno para os fios brancos rebeldes, que rompiam desordenadamente pela raiz. Os olhos estavam baços e pareciam mais pequenos. Os dentes outrora de uma brancura imaculada ganharam manchas, provavelmente um efeito da nicotina acumulada nos últimos anos. O sorriso tinha-se evaporado, como as lágrimas que lhe acabaram por secar a alma. Maria nem se lembrava do último dia em que as lágrimas lhe desceram do rosto, a pique. Simplesmente já não conseguia chorar. Preparou a infusão de cidreira fresca e deixou-se cair na cadeira estilizada. Trincou quatro biscoitos de canela e acendeu um cigarro. Hércules tinha-se aninhado nas pantufas felpudas de Maria. Pegou no jornal do dia anterior, cuja capa apresentava em destaque uma enorme fotografia de Obama, o recém-eleito Presidente dos Estados Unidos da América. Ele esboçava um sorriso contagiante. Por cima da fotografia de Obama uma frase ocupava a largura do jornal: Chegou a hora de mudar. Maria fixou os olhos naquela frase, palavra a palavra, durante dois minutos. Ouviu a sua voz interior repeti-la centenas de vezes. Sentia um calor a invadir-lhe o corpo. Não sabia se era um dos efeitos do chá ou se era outra coisa qualquer. Depois abriu o jornal exactamente na página dos classificados. Deslizou o dedo indicador pela página como se procurasse um número de telefone nas Páginas Amarelas. Prendeu-lhe a atenção um anúncio que tinha um fundo verde brilhante. Um fundo de esperança. Maria abriu uma gaveta junto ao fogão e pegou na tesoura de arranjar peixe. Com todo o cuidado recordou o anúncio. Dobrou-o e guardou-o no bolso das calças do pijama. Hércules ladrava numa histeria incompreensível. Seguia os passos da dona, transformando-se na própria sombra dela. Depois de tomar um duche bem quente, Maria vestiu uns jeans claros, uma camisola de gola alta justa, preta, que lhe fazia sobressair o volumoso peito. Olhou-se ao espelho e percebeu que estava viva. Escovou o cabelo e prendeu-o com força num elástico. Maquilhou-se de uma forma suave e discreta e envolveu-se numa chuva miudinha de perfume francês. Calçou as botas de cano alto e tirou do armário o casaco de fazenda. Hércules dava saltos, piruetas, parecia um cão de circo. Maria embrulhou-se no casaco e numa écharpe vermelha. Ia deitar o maço de cigarros no lixo mas resolveu guardar dois dentro da mala preta. O resto voou direitinho para o balde de metal que se apoiava num canto da cozinha. O telemóvel de Maria tocou. Ela olhou para o visor e ignorou a chamada, despreocupada. Fez uma festa a Hércules e despediu-se dele com um “até já”. Fechou a porta com segurança. O vento soprava sobre os cabelos de Maria. A temperatura na rua estava fria. O termómetro junto aos semáforos marcava 7 graus. A calçada era longa e o caminho ainda maior. Os saltos das botas de Maria de vez em quando ficavam presos nos defeitos da calçada. Os passos apressados corriam contra o tempo. A lembrança doce confundia-se com o aroma a bolos acabados de sair do forno da pastelaria central. A música que lhe entrava pelos ouvidos era aquela que nunca tinha chegado a sair. A frase. A frase mágica: Chegou a hora de mudar. Chegou a hora de mudar. A sinfonia das palavras provocava um sorriso discreto na expressão de Maria. Ele vinha distraído, a falar ao telemóvel. Levava debaixo do braço vários jornais e revistas. Exaltava-se a cada palavra. Negócios, provavelmente. Preocupações, problemas. De certeza. Era alto, moreno, com os olhos escuros mas brilhantes. Os seus lábios eram perfeitamente desenhados. O cabelo tinha o tom de avelã. Usava uma samarra azul-escura, de fazenda. O cachecol bege enrolava no pescoço e caía sobre a samarra. As calças de bombazina castanhas estavam-lhe largas. Ele não tinha mais de trinta anos. Maria tinha ascendido à lua e parecia flutuar no universo. Ele estava preso à terra, demasiado preso até. Caminhava rapidamente pela calçada íngreme. Um carro buzinou e ele fixou o olhar naquele trânsito infernal enquanto continuava a discutir ao telefone. Maria deu um passo em falso e o tacão das botas prendeu-se numa folga entre duas pedras da calçada. Quando se preparava para avançar, ele deparou-se com Maria ali mesmo à sua frente. Não deram um encontrão porque ele resolveu apoiar-se num candeeiro. Mas escorregaram-lhe todos os jornais, que foram direitinhos para o chão. Houve um que caiu mesmo aos pés de Maria. Era igual ao que ela tinha em casa. Ficaram os dois a olhar para Obama a sorrir. Tinha chegado a hora de mudar.


02 dezembro, 2008

Amália - trailer do filme

ESTOU CURIOSA...

Ter tempo é :

Relaxar. Passear. Estar com as pessoas de quem gostamos mais vezes, sem olhar para o relógio. Ler. Devorar séries. Ver filmes. Ouvir música. Lanches e jantares intermináveis. Dormir. Pensar e repensar. Ter ideias. Escrever. Observar. Recordar. Descobrir. Ter tempo é viver.

Caetano Veloso - Cucurrucucu Paloma

Caetano. Almodovar. Uma música linda num filme perfeito. Foi esta versão que me fez comprar este fim-de-semana a banda sonora dos filmes do realizador espanhol. O tema é arrepiante!

Em tempo de crise um fim-de-semana prolongado significa:


- excursões a centros comerciais;

- caixas multibanco sem dinheiro;

- viagens para a Europa esgotadas;

- ir a correr para a Serra da Estrela brincar com a neve, mesmo com as estradas intransitáveis (afinal o preço da gasolina está mais baixo);

Alternativa: ir ao Congresso do PCP;

A primeira ecografia
Vi-o enroscadinho, aninhado, com as mãozinhas a esconder a cara. Dez semanas, quatro centímetros e um coração a palpitar a toda a velocidade. É incrível como a vida vai ganhando força dentro de uma barriga. É incrível o poder da primeira imagem, a sedução, a conquista, o amor que me agarrou de imediato ao meu/minha sobrinho/a. Uma vida que nasce de outras, a extensão de duas pessoas que eu adoro: a minha irmã e o meu cunhado.
Nunca mais chega Junho...

01 dezembro, 2008

Chegou a minha ÉPOCA FAVORITA!