Uma noite inesquecível
Motivos profissionais levaram-me à Gala Luso-Brasileira no Casino Estoril. Fiquei nos bastidores para entrevistar algumas pessoas cujo contributo pudesse dar ainda mais força ao projecto.
Tive a sorte de me cruzar com um dos gigantes da música brasileira. Provavelmente o meu músico preferido - Ivan Lins. Senti-me uma adolescente quando o vi. Surpreendeu-me a sua timidez. Tinha ideia que era humilde e pude confirmar. Afinal a humildade faz parte das grandes pessoas. Foi com ternura que me respondeu às perguntas que lhe coloquei. Reforçou que é apaixonado por Portugal, adora Lisboa: as ruas, as casas, as janelas. A sensibilidade com que me respondeu é a mesma que Ivan oferece à sua arte. É emotivo. Apaixonado. Transparente. Exactamente como as músicas que compõe e canta. No final, não resisti a tirar uma fotografia com ele e a ficar com um autógrafo, que está guardado religiosamente.
Consegui falar um pouco com um senhor do fado: Carlos do Carmo, que cantou no mesmo palco com Ivan Lins. É extremamente bem disposto, com um sentido de humor apurado. Fiquei rendida.
Outros dois cantores que quero salientar é Roberta Sá e António Zambujo. Conhecia apenas uma música da cantora brasileira mas a verdade é que para mim era uma voz sem rosto, até à passada terça-feira. Uma jovem com um sorriso aberto, com uma voz cristalina (que me faz lembrar a da Mariza Monte). Fala da música com paixão, com garra. Talvez a mesma que a levou a conquistar um lugar ao sol num mercado onde a concorrência asfixia. Roberta Sá é uma lutadora, que acredita na sua força e no poder do espírito solidário, da união. É doce, doce, doce. Rendeu-se à voz de António Zambujo, um fadista cuja voz se veste de um ritmo que lembra Bossa Nova. Têm trabalhado juntos e o resultado é perfeito!
Depois da gala houve um jantar com algumas pessoas em Cascais. Foi num simpático e acolhedor restaurante japonês que estivemos a conviver até de madrugada. De repente, estavam onze pessoas reunidas que tinham uma coisa em comum: a boa energia. Entre músicos, agentes, produtores, apresentadores de televisão e amigos a boa disposição imperou - a par de sakés e vinho tinto. Música improvisada, risos, abraços, cumplicidades que se criaram num espaço de horas. De repente, apercebi-me de que estava no meio de artistas que passeiam dentro do porta-luvas do meu carro, em CDs. Estavam ali a sorrir, a cantar, a conversar. Não consegui deixar de pensar: realmente a simplicidade, a genuinidade, e a humildade levam as pessoas bem longe. Ah, e a boa energia também! Fundamental!