30 agosto, 2007

Feitas as contas... 25 anos!
Balanço:
- Adoro a minha família, acima de tudo... Tenho a sorte de ter uma família a sério, unida, que se dá muito bem.
- Tenho poucos amigos mas bons (daqueles com quem posso contar sempre);
- Vivo muitos momentos de felicidade e de diversão (sempre em boa companhia, claro)
- Adoro o meu trabalho (não me imagino a fazer outra coisa)
- Já tenho cabelos brancos!
- Já tenho responsabilidades financeiras (leia-se coisas para pagar)
- Sou madrinha (a minha afilhada Leonor é linda)
- Já escrevi um livro (com uma amiga) e vem outro a caminho (como colaboradora).
- Já fiz uma viagem de auto-conhecimento (gostava de fazer novamente)
- Já plantei uma árvore e este ano dediquei-me a plantar várias espécies de flores (mas muitas nem chegaram a nascer)
- Faltam-me os filhos... E o pai deles! Mas isso não é para já ; )
Olhando para trás, estes vinte cinco anos estão a ser muitooooooooooooooooo bons! Olhando para a frente, ainda há tantas coisas que quero fazer...

27 agosto, 2007

Ela morreu carbonizada, dentro do carro, abraçada aos filhos. Esta frase não parou de ecoar na minha cabeça enquanto estava a fazer o esparregado para o jantar. Enquanto os espinafres se misturavam no azeite a ferver eu acabava de ouvir uma notícia que me embrulhou o estômago e que me deixou a cabeça atingir as cinco mil rotações. Até agora.

Não sei quem era a mulher mas imagino-a loura, com o cabelo apanhado por um gancho e com a pele branca, mas dourada pelo quente sol de Verão. Imagino-a a vestir os filhos à pressa, a guardar na mala um pacote de bolachas e uma garrafa de água e a puxá-los para dentro do carro. Tossia com a nuvem de fumo negro que continua a assolar o país e suava em bica enquanto sentava os filhos no banco de trás do carro cinza metalizado. Os vizinhos gritavam para não ir, os bombeiros estariam prestes a salvar-lhes a casa e as vidas. Mas ela não os ouviu, ignorou-os e disse que o fogo lhe podia levar a casa, os móveis, os electrodomésticos e todo o dinheiro mas que não lhe havia de roubar os filhos. Acenou um adeus à pressa e sentou-se ao volante. Os olhos choravam, vermelhos, brilhantes. Perto da retina ainda se avistava uma sombra de esperança. O céu era uma mistura de cinza escuro com laranja forte. As chamas e o fogo fundiam-se num só, com uma força de Adamastor, devorava pinhais, estradas, carris e tudo o que apanhava pela frente, a uma velocidade impressionante.
Ela ligou o motor do opel corsa e os filhos começaram a chorar. Eles olharam para trás e viram os vizinhos a dizer-lhes adeus, a chorar. As mais velhas olharam para o céu e rezaram ao ver o carro a afastar-se. Ela viu a casa, pela última vez, através do espelho retrovisor do corsa. A imagem já estava desfocada, o espelho perdera o brilho desde que o incêndio começara. As paredes estavam manchadas e o jardim coberto por uma camada fina de cinzas. Ela conduziu devagar pelas estradas apagadas e ligou a rádio. Ouvia-se a informação de que várias famílias estavam a abandonar as suas casas e as suas propriedades. O trânsito acumulava-se lentamente, numa luta cruel pela sobrevivência. As crianças choravam, gritavam e ela resolveu mudar a estação da rádio. O barulho dos aviões, das chamas, das sirenes dos bombeiros, das buzinas dos automóveis, contrastava com a serenidade e a doçura da voz de Corinne Bailey Ray a cantar “Like a Star”. O choro dos filhos começou a diminuir de tom. Ela olhou-os através do espelho retrovisor e sorriu. Disse-lhes que ia correr tudo bem. No sentido contrário da estrada vinha um carro a toda a velocidade e o homem que o conduzia esbracejava, gritava para que ela voltasse para trás. A estrada estava a ficar cercada pela fogo. Ela olhou em redor e viu as chamas a aproximarem-se, a devorarem o pinhal e as casas à volta a um ritmo alucinante. O homem acelerou o carro e desapareceu no meio do fumo. Ela olhou para os filhos e eles sorriram. Estavam calmos. Ela olhou mais uma vez em redor e viu o fumo a cercar o carro. A temperatura começou a aumentar muito depressa. O suor misturou-se com as lágrimas que lhe caiam do rosto. Desligou o motor do carro e aumentou o volume da rádio. Tirou o cinto e saltou para o banco de trás, para estar mais perto dos filhos. Sabia que ia morrer. Sabia que eles iam morrer. Tirou da mala o pacote de bolachas e os três comeram-nas. O mais novo pediu-lhe água e ela deu-lha. O mais velho perguntou o que é que estavam a fazer ali. Ela disse que iam fazer um piquenique dentro do carro, para variar. Eles riram-se e acharam boa ideia. Depois queixaram-se do fumo e do calor. Pediram à mãe para ir para a praia. Enquanto tossia começou a sentir-se tonta. Eles queixaram-se com sono. Ela fechou-os num abraço e pediu-lhes que adormecessem. No sonho iam os três para a praia. Ouviam-se as ondas do mar e o cheiro a maresia subia-lhes pelas narinas acima e perfumava-lhes o corpo. À voz de Corinne Bailey Ray sobrepuseram-se os risos das crianças, descalças, na praia, a brincar numa poça, junto à beira-mar. A mãe abraçou-as, apertou-as contra o peito. Depois fechou os olhos com toda a força. Beijou-as na testa e sorriu. A praia era linda.

11 agosto, 2007

Love

Está mesmo em todo o lado. Vai um abracinho?

Ainda consegue surpreender!

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Ratatouille trailer 2

DELICIOSO, completamente apetitoso! Estreia dia 15 de Agosto.

07 agosto, 2007

Fim-de-semana RELAX!
Estava mesmo a precisar de tirar um fim-de-semana longe daagitação da cidade, do trabalho. Mas mais do que isso era urgente dar dois dias de descanso ao cérebro e uma corzinha à minha pele clara. Fui para osossego de Pedras, dormi descansada, apanhei sol, dei muitos mergulhos no mar (tinha tantas saudades, parecia uma criança que nunca tinha visto uma praia) partilhei momentos inesquecíveis com pessoas fundamentais na minha vida e percebi, mais uma vez, que são estes pequenos grandes momentos que me enchem de felicidade. O convívio com a família e com os amigos. É ele que nos enriquece. Revi outros amigos e conhecidos que me fizeram recordar a infância e a adolescência, no tempo em que cada minuto era vivido ao máximo. Jantei em restaurantes com esplanada (comi o meu belo bife de atum - o Dr. Póvoas que não saiba!), percorri as calçadas de Tavira à noite e fiz as minhas caminhadas até à praia. Não vi televisão, não levei o computador, nem sequer li (a não ser a revista Volta ao Mundo, já a pensar nas próximas férias). Levei a máquina mas não tirei fotos. Guardei-as comigo. Porquese há imagens que dispensam palavras também há momentos que dispensam imagens e palavras. Porque aquilo que se passou é muito mais do que as duas coisas juntas. E deste fim-de-semana nunca me hei-de esquecer.