VALE A PENA AMAR
Deixei-o. Deixei-o ir. Desisti. Deixei de o ver projectado no meu futuro. Abdiquei da expectativa, da esperança, da luta por uma vida em comum. Porque saber lutar também é ter noção do momento em que se deve sair de campo. Se dói? Ui! Sinto o meu corpo gelado, um nó no estômago, um vazio que me consome o peito, uma tremura que não dá tréguas.
Desisti de lutar por quem também desistiu de mim. Fica a consciência de que tudo foi feito, de que dei o meu melhor, de que fui uma guerreira que durante o tempo todo batalhou por ele e para que ele construísse o seu caminho (que também era o nosso), encontrasse um sentido para a vida no meio do caos. Só por isso já valeu a pena. Ah! E descobri o amor. Soube dar o que de melhor eu tenho e descobri o quanto tenho para dar. Arrisquei e amei-o incondicionalmente. Se me arrependo? Nem um bocadinho. Faria tudo outra vez. Quando se está apaixonado a entrega é total e tudo é possível, até o impossível. O céu é mais perto, o sol mais quente e radiante, e as estrelas iluminam os caminhos até nos cegarem.
Antes de sair, olhei-o pela última vez com um sorriso. Foi assim que o conheci e que o deixei entrar na minha vida – com o meu sorriso. Era assim que me queria despedir. Entreguei num abraço apertado o meu amor. Ficou lá com ele, colado nos poros da pele. Talvez por isso tenha voltado para casa mais leve.
Os timings são tramados e podem condicionar o percurso por onde a vida nos leva. Mas eu prefiro continuar a acreditar que quando se está apaixonado, quando se ama, então tudo faz mais sentido e é o amor que condiciona o tempo e nunca o contrário. O amor é mais que tudo na vida. O nosso só não foi suficiente.
Esta caminhada chegou ao fim sem ter chegado à meta. Depois de tanto esforço a meta devia ter chegado até nós – merecíamos.
Por mais dor que possa provocar, vale a pena amar.