Vim de Cuba revitalizada. Sinto-me cheia de energia, cheia de ideias e de projectos. Estes dois meses de paragem estão a fazer-me mesmo bem em termos criativos. Sinto que tenho tempo para pensar, para ver filmes e séries, para ler, para desenvolver ideias. Na semana que passei em Cuba foram dias a falar de mim, daquilo que penso, do que sinto, das mudanças que preciso e quero fazer na minha vida, dos meus receios, dos meus sonhos. Normalmente sou melhor “ouvido”. A Van também. Foi bom, acho que funcionou como uma espécie de terapia conjunta. Vim mais leve, mais serena, com mais certezas e mais esperança num ano maravilhoso. Se já me sentia assim, na sexta-feira passada fiquei ainda mais entusiasmada com a vida que tenho e com aquela que quero construir. Estive a entrevistar uma das pessoas que mais admiro por muitas razões. Já o admirava e confesso que ele ainda conseguiu superar as minhas expectativas. Percebe-se logo que é genuíno, despretensioso, inteligente, educado (gentleman, mesmo!), descontraído, íntegro, low profile qb, simpático, tem sentido de humor e aquele toque misterioso que tanto me agrada. E profissionalmente, para mim, é o melhor dos melhores da geração dele. Como se não bastasse ainda é giro, muito giro. E aquele sorriso… bem, é melhor parar por aqui. Também gosto da voz e do cabelo. Mas isto tudo para dizer que me fez bem olhar para aquela pessoa e ver que conseguiu tudo o que tem não apenas com o seu talento (inato) mas com dedicação, com muito trabalho. Acreditou nele e seguiu em frente, sem medos. Tem apenas 30 anos e já fez tantas coisas, tantas, tantas. É um dos maiores da geração dele. Para mim O MAIOR, repito. O. Aquelas horas de conversa transformaram-se, de facto, numa inspiração. Só espero que dê frutos! Ideias não faltam.
28 janeiro, 2009
23 janeiro, 2009
AMOR E MORTE
Li há uma semana esta crónica, que me deixou arrepiada pelas verdades que emana. É de uma brutalidade impressionante, crua. Talvez seja isso que tanto me fascina nela. Mal a acabei de ler não hesitei. Arranquei-a da revista e guardei-a na mala. Hoje descobri-a, outra vez.
"Não vais fazer nenhuma lista de coisas para fazer este ano. As listas consecutivas esfregam-te a cara, todos os anos, o que deixaste de fazer, mostram-te que não cumpres promessas, da mais simples à mais idílica. Ou talvez nem seja por isso, por esse receio de falhar uma e outra vez, perante ti, só perante ti, que mais ninguém as lê ou sabe que existem, porque há-de te importar tanto? Mas talvez nem seja por isso, mas porque as listas são desejos apressados, uma vez que cada ano te esfrega que os terás cada vez menos. Lá estás tu a fazer contas aos mortos. Tétrico, tu, na saison do amor e da bonomia. Contas aos mortos morridos, mais contas de cabeça a tentar antecipar quem não há-de viver outro Natal, já sem contar com os imponderáveis, aqueles que vão desaparecer sem que nada o anuncie, gente nova, acidentes, ou gente mais velha que ainda respira saúde, ou pensavas que sim mas vai-se a ver e também eles, tu pões-te logo a pensar se era assim que previa partir, daquela maneira, num dia assim, e ainda não chegaste a nenhuma conclusão quando pensas no teu caso, tétrico, tu, na época da festa, da paz entre os homens, na alvorada de um ano novo, e a palavra novo deveria encher-te o peito com uma qualquer esperança, porque pensas nisso agora? Será porque morreu aquele que não esperavas, e que era um homem bom, e perguntaste mais de mil vezes, seu ingénuo indignado, porque é que morrem homens bons, ou será também porque aquele outro que admiras já só responde que anda a negociar com a morte mais um bocadinho, e esfrega-te assim na cara que também ele, um dia destes. É só isto, afinal, cada Natal que passa traz outro já agarrado, o próximo, que já percebeste que vai chegar num instantinho, é só isto afinal, amor e morte. Lembras-te que é o que ocorre. Não só a primeira coisa que te ocorre, mas agora a única resposta que te aparece, a única, quando te perguntam o que te motiva a escrever, onde vais buscar inspiração, de que procuras falar nos romances, essas histórias aparentemente diferentes com que os escritores pintam sempre e sempre o mesmo quadro, amor e morte. O que mais desejas e o que mais odeias. Será isto envelhecer? Perceber que a vida, retirada toda a gordura das pequenas insignificâncias inconsequentes, será esta dança entre as duas palavras, a agarrarmo-nos com um feliz desespero a uma para tentarmos (ingénuos) fugir à outra. Lembras-te, de quando em vez, de uma mulher, a quem a desgraça fez companheira uma vida inteira, que te afirmou sem hesitar, baixinho, que não temia a morte porque a morte já não lhe podia fazer mal. O que te pareceu absurdo pois eras jovem, e já não te parece tanto agora, será isto envelhecer, quando faz sentido que se encolha os ombros perante o desaparecimento inevitável. Ou porque sabes hoje, o que só podes saber em virtude teres envelhecido, que a morte só não pode fazer mal a quem o amor não apareceu, ou a quem o amor apareceu disfarçado de outra coisa, e arranhou e magoou. O que te chateia na morte é uma coisa simples: saudades de amar e ser amado. Por isso, aproveita, estúpido, esta circunstância de acordares todos dias. Não me perguntem mais onde vão os escritores buscar ideias, só há duas, quando escrevemos sobre os ossos da existência e não nos limitamos ao era uma vez da carochinha. Amor e morte, sempre, porque não há mistério que se lhe compare. E eu quero escritores que perguntam. E que não ousam ter respostas."
Rodrigo Guedes de Carvalho
21 janeiro, 2009
20 janeiro, 2009
19 janeiro, 2009
Cuba Libre?
Alguém escreveu “ Não chores porque acabou, sorri porque aconteceu”. Neste momento estou de sorriso rasgado de orelha a orelha. De facto aconteceu. Estive durante sete dias em Cuba. Primeiro Havana, depois Varadero. Tive a oportunidade de conhecer um pouco do país de Fidel Castro e de toda aquela História e cultura que vestem as ruas de Havana. É uma cidade apaixonante, respira-se História, ouve-se História, vive-se História. Somos empurrados para um misto de géneros de literatura: romance, drama e poesia, muita poesia. Há recantos na cidade que me fazem lembrar telas pintalgadas de cor. Havana é História mas também é música. É ARTE. Mas uma arte que precisa urgentemente de ser restaurada, a todos os níveis. Os edifícios de habitação e o património estão degradados, abandonados. As pessoas vivem em casas que outrora tiveram cores garridas e vivas mas que agora deixam transparecer o tijolo e o cimento. São famílias inteiras a partilhar uma casa que não escolheram mas que lhes foi dada. Crescem os pais, os avós, os filhos, os netos e os bisnetos num cubículo de dez metros quadrados. Não me parece que seja fácil, aliás, a taxa de divórcios no país ronda os 70%. Terá alguma coisa a ver com aquele velho ditado: “quem casa quer casa”?! Vê-se que a maioria das pessoas não vive bem mas sobrevive, com tudo a que o regime acha que têm direito. O essencial, digamos. Por vezes é menos que isso. Tudo é racionado, desde os alimentos aos produtos de higiene. O mais impressionante é que os cubanos vivem uma revolta doce, ao som de uma salsa e ao sabor de um trago de rum. Mas a maioria das pessoas com que falei deposita uma enorme esperança em Obama. Não depositamos todos? De Fidel Castro nada se sabe, nem mesmo se comentou a notícia de que está em coma. Os cubanos querem mudar e precisam de o fazer. É esse o caminho que os pode levar a um futuro mais próspero, a uma vida melhor, com tudo aquilo a que têm direito. Bom, mas estava eu a comentar que Havana é uma cidade maravilhosa e os cubanos são pessoas especiais, de uma simpatia contagiante. Não admira que Hemingway se tenha deixado conquistar por aquele país – os daiquiris e os mojitos também ajudaram.
Ficámos instaladas no hotel Occidental Myramar – é uma zona muito simpática, onde está situada a maioria das embaixadas – faz lembrar o Restelo. O hotel era extremamente confortável. Recomendo! Fica apenas a cinco minutos de táxi do centro de Havana. Foi em Myramar que tivemos o melhor jantar, num Paladar chamado Vista Mar. Tal como o nome indica a sala tinha uma grande varanda de onde se vislumbrava o céu e o mar numa harmonia perfeita, para combinar com a qualidade da cozinha. Rendi-me a um cocktail de camarão, a um “pescado” maravilhoso – um lombo de peixe no forno com ervas, alho e pão ralado em cima, acompanhado por puré de batata caseiro. Para finalizar tive a sorte de comer a melhor tarte de limão da minha vida. A Vanessa deliciou-se com um bife coberto com fiambre e queijo gratinado. Depois dos radiosos dias em Havana chegou a altura de partirmos para Varadero. Mal pusemos os pés no hotel fomos a correr para a praia de areia fina e branca com um imenso mar azul-turquesa cristalino. Aproveitámos ao máximo a tarde. Felizmente que o fizemos porque no dia seguinte Varadero foi palco de uma frente fria, que tornou a praia numa espécie de Guincho. Só houve um dia em que ainda deu para nos estendermos ao sol. O problema de estar em Varadero com mau tempo é pensar no que fazer. É uma cidade simpática, completamente turística. Só tem mesmo praia. Praia e hotéis. Hotéis e praia. Enfim… tivemos de nos atirar à gastronomia e às aulas de salsa – para compensar os gramas acumulados diariamente.
Foram sete dias fantásticos que me aguçaram ainda mais a vontade de viajar. Espero poder regressar a Cuba daqui a uns anos e encontrar um país diferente mas genuíno.
Ficámos instaladas no hotel Occidental Myramar – é uma zona muito simpática, onde está situada a maioria das embaixadas – faz lembrar o Restelo. O hotel era extremamente confortável. Recomendo! Fica apenas a cinco minutos de táxi do centro de Havana. Foi em Myramar que tivemos o melhor jantar, num Paladar chamado Vista Mar. Tal como o nome indica a sala tinha uma grande varanda de onde se vislumbrava o céu e o mar numa harmonia perfeita, para combinar com a qualidade da cozinha. Rendi-me a um cocktail de camarão, a um “pescado” maravilhoso – um lombo de peixe no forno com ervas, alho e pão ralado em cima, acompanhado por puré de batata caseiro. Para finalizar tive a sorte de comer a melhor tarte de limão da minha vida. A Vanessa deliciou-se com um bife coberto com fiambre e queijo gratinado. Depois dos radiosos dias em Havana chegou a altura de partirmos para Varadero. Mal pusemos os pés no hotel fomos a correr para a praia de areia fina e branca com um imenso mar azul-turquesa cristalino. Aproveitámos ao máximo a tarde. Felizmente que o fizemos porque no dia seguinte Varadero foi palco de uma frente fria, que tornou a praia numa espécie de Guincho. Só houve um dia em que ainda deu para nos estendermos ao sol. O problema de estar em Varadero com mau tempo é pensar no que fazer. É uma cidade simpática, completamente turística. Só tem mesmo praia. Praia e hotéis. Hotéis e praia. Enfim… tivemos de nos atirar à gastronomia e às aulas de salsa – para compensar os gramas acumulados diariamente.
Foram sete dias fantásticos que me aguçaram ainda mais a vontade de viajar. Espero poder regressar a Cuba daqui a uns anos e encontrar um país diferente mas genuíno.
03 janeiro, 2009
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