19 dezembro, 2009


Não me canso de dizer que o Natal é a minha época do ano favorita porque me lembra a sorte que tenho em ter uma família unida.

O Natal é adorado por muitos e odiado por tantos outros. Esta quadra não tem meio termo. Funciona como uma lupa: aumenta a intensidade daquilo que vemos, sentimos e desejamos. As coisas boas e as coisas más.



Ontem estivemos a falar sobre a sorte que tivemos na infância, sobre o sabor da liberdade saudável que acompanhou o nosso crescimento.
O tempo era nosso e andava devagar, como o sopro quente dos dias de Verão. Eu cresci a brincar na rua. Quando chegava da escola queria despachar os trabalhos de casa para ir ter com os meus amigos. Andávamos de bicicleta, desenhávamos a cirumba e a macaca com pedras de cal no alcatrão, fazíamos gincanas e íamos para o pinhal lanchar - eram os nossos piqueniques. Se estivesse a chover as tropas reuniam na casa de um de nós e era a tarde toda na galhofa.
Aguardávamos ansiosos pelas férias de Verão – aqueles dias quentes e longos permitiam-nos estar na rua à noite. A escuridão do céu tornava o jogo das escondidas mais emocionante. Sujávamos a roupa, caíamos no chão, brincávamos na terra, rasgávamos as calças… e sim, ficávamos doentes de vez em quando, mas éramos felizes e desenrascados (tínhamos de ser, naquela altura não havia telemóveis).
Lembro-me de fazer sopas de água com farinha e cascas de cenoura que fingia dar às bonecas. A minha avó ajudava-me a prepará-las. Nessa altura os avós tinham tempo para brincar e tomar conta dos netos. Agora têm de trabalhar até ao momento em que alguém vai ter de tomar conta deles.
A velocidade do tempo, a rapidez e a facilidade com que a informação nos chega acaba por nos esmagar. As solicitações não acabam.
Hoje a maioria das crianças/adolescentes considera que os amigos que tem são aqueles quinhentos que pertencem à lista das redes sociais. Hoje é mais fácil comunicar através da Internet do que encontrarmos um dia compatível para nos reunirmos com os amigos. Hoje os pais têm pouco tempo para estar com os filhos e quando chegam a casa é natural que os queiram compensar pela ausência e tornam-se exageradamente permissivos. O tempo escorrega-nos entre os dedos. Eu sei que a vida devia ser feita de prioridades mas o ritmo dos ponteiros do relógio submete-nos a uma ditadura à qual é difícil escapar. É assustador…

16 novembro, 2009

Yann Tiersen - Esther

Para sentir. Apenas.

06 novembro, 2009

ESTOU EM PAUSA...

26 outubro, 2009

GRANDE REPORTAGEM
Levei um soco no estômago. Não daqueles secos e rápidos mas num movimento lento e agonizante que durou cerca de quarenta minutos. De quem é a culpa? Da grande jornalista Cândida Pinto que continua com a mesma capacidade de contar uma história que nos envolve do princípio ao fim. A jornalista consegue transmitir, de uma forma natural, a dor, a alegria, a miséria, a fome, a inquietação que os temas envolvem usando um único recurso:o ângulo da humanidade.
Hoje a Grande Reportagem retratou um dos maiores flagelos de África: as crianças orfãs, cujos pais morreram vítimas de SIDA (das complicações que o vírus provoca). Milhares e milhares de crianças ficam entregues a si próprias ou, com sorte, aos irmãos mais velhos, que também ainda são crianças. O programa levou-nos a Moçambique, onde o drama atinge uma grande parte da população. De repente, vi uma família de quatro irmãos que viram os pais morrer num espaço de três ou quatro anos. O mais velho, que na altura tinha apenas 16 anos transformou-se no homem da casa. Fugiram da terra onde viviam e construiram duas cabanas onde vivem até hoje. Os mais pequenos frequentam a escola enquanto os mais velhos lutam pela sobrevivência da família. a sua maior preocupação é arranjar comida para o almoço: a única refeição que fazem. O mais extraordinário é que o irmão mais velho, agora com 19 anos, diz que não precisa de nada. Com um sorriso, responde que para ele a vida é boa, "está bom". Dou por mim alapada num sofá, a ver televisão, coberta com uma manta polar, a comer uma maçã assada. Tenho TUDO: uma família unida, saúde, conforto, uma casa, um carro, um curso, trabalho, dinheiro, roupa. Mas às vezes chego à conclusão de que preciso de um casaco novo ou de um creme hidrantante. Perante aquelas histórias sinto-me envergonhada.
Aquele rapaz que nada tem - os pais morreram, foi obrigado a crescer depressa, foi-lhe roubada a juventude, teve de construir a própria casa, os armários, a mesa, as cadeiras, os brinquedos de lata, tem de cultivar os cereais, subir aos coqueiros para se alimentar, não tem sapatos e usa uma roupa rota, cheia de pó- diz que "está bom", não se revolta com o estatuto de sobrevivente que a vida lhe entregou. Até sorri. Consegue ser feliz com a miséria que o rodeia.
Esta foi apenas uma das famílias orfãs que apareceu na reportagem. Talvez a que me tenha tocado mais.
Aqueles miúdos, sim, são heróis. Verdadeiros heróis.

17 outubro, 2009

Dores de garganta, dores de ouvidos, nariz entupido, tosse, dores de cabeça, espirros e olhos inflamados é o resultado de dois dias a sair de casa com o cabelo molhado, a levar com o ar condicionado no máximo e a sair para a rua com 27º. Só fiquei mais descansada quando percebi que não tinha febre. Ainda assim, quando fui ver a minha sobrinha lá meti a bela da máscara cirúrgica. É desconfortável. Mais uma razão para eu não ter enveredado pela Medicina.
Fiquei desapontada com o Miguel Sousa Tavares. Gosto do senhor, mesmo com aquela arrogância toda acho-lhe muita graça. Mas confesso que não lhe ficou nada bem sair em defesa da sô dona Maitê. Muito menos usando aquele tipo de argumento de que Portugal é um país sem sentido de humor, provinciano, repleto de ignorantes. Ora, eu, tal como milhares de pessoas, vi o vídeo. Não me chocaria se fosse um Jô Soares a fazê-lo, um Miguel Falabella, ou uma outra personalidade cómica. Mas a verdade é que esses senhores são suficientemente inteligentes para perceberem que aquele vídeo amador foi de mau tom e de uma ignorância que ofende o próprio Brasil. É uma peça completamente desenquadrada do estilo da actriz. Sinceramente, acho que os brasileiros devem ter ficado mais chocados que os portugueses. E depois aquele vídeo de pedido de desculpas... só me vem uma palavra à cabeça: ridículo! Chocou-me sobretudo o momento em que a senhora entra no Mosteiro dos Jerónimos e imita a estátua da fonte, cuspindo para a água. Já para não falar da conversa descabida sobre os túmulos de Camões e de Vasco da Gama. Aquilo não é humor. É puro mau gosto, só revela uma grande falta de respeito para com a cultura portuguesa, para além de uma tremenda ignorância.
Os portugueses até têm um grande sentido de humor. Temos a capacidade de rir daquilo que somos e fazemos. Sem preconceitos. Basta olhar para as audiências dos programas humorísticos como Os Contemporâneos e os Gato Fedorento. Nós conhecemos as limitações e os defeitos do nosso país e sabemos rir-nos deles.
É uma pena, até simpatizava com a senhora. Lembro-me dela a fazer de Helena na novela Felicidade e de professora do Sassá Mutema.
O melhor mesmo é a Maitê dedicar-se às personagens de teatro e novela. O que este vídeo veio provar é que a senhora sem guião é um verdadeiro desastre. Inconveniente, mesmo.
Depois disto, devia fazer um pedido de desculpas a todos os brasileiros. Eles foram os principais lesados com aquele vídeo. Foi uma pena a actriz não ter entrevistado os imigrantes brasileiros que vivem em Portugal. Perdeu a oportunidade de lhes perguntar o que é que os leva a viver neste país tão atrasado, mesquinho, e com pessoas tacanhas e ignorantes... que nem sequer têm a capacidade de perceber o humor inteligente, quase erudito, de Maitê Proença.
Quase um mês depois volto a dar notícias.

Mais uma volta na montanha russa, mais uma mudança. Precisamente numa altura em que menos esperava. Sabem aqueles momentos em que temos de fazer uma escolha de um dia para o outro, como se uma simples palavra ganhasse um poder mágico de transformar a nossa vida? Mudar ou não mudar de empresa- eis a questão! Decidi ir em frente, seguir a minha vontade. Atirei-me da prancha de dez metros. Logo eu, que tenho vertigens. Passadas duas semanas devo dizer que o saldo é positivo. Estou a gostar muito. Sinto-me incentivada com o projecto e com o conceito da empresa. Estou contente. Além disso, pode parecer um argumento estúpido, mas estou a quinze minutos de casa, o que faz com que consiga aproveitar muito melhor as horas. Tenho tempo para fazer o que me apetece e para estar com quem quero. É tão bom. Reencontrei algumas pessoas e conheci outras tantas. Há uma boa energia por aqueles lados.
A minha vida precisava de uma mudança. Tinha plena consciência disso mas não esperava que fosse tão cedo. Talvez seja o início de um novo ciclo. Com muito sol, espero!

26 setembro, 2009

Ando desaparecida, eu sei, e pesa-me a consciência de deixar o sextosentidos abandonado.
Não, não estou em fase de reflexão política (já perdi demasiado tempo com isso e arrependi-me. Agora optei por exercer o meu dever cívico mas sem pensar muito. Estou convencida de que na política nos devemos atirar de cabeça no momento do voto e ir atrás da nossa intuição). Bom, mas isto tudo para dizer que estou sim numa fase introspectiva acompanhada por um regime alimentar, que calha sempre bem nestas alturas. Estou feliz? Acho que sim. Sou feliz? Tenho a certeza. Mas falta qualquer coisinha...
Sei o que é e tenho saudades. Não é dele mas daquilo que ele me faz sentir. Ás vezes tenho vontade de voltar atrás e arriscar. Outras vezes, quando a racionalidade se apodera de mim, a pergunta permanece: Porquê?!

07 setembro, 2009

Os Azeitonas - Quem és tu miúda

É a música que me faz lembrar a Matilde. Só porque o meu pai lhe chama "miúda" e ela começa a rir-se de imediato. Sempre que ouço esta música na rádio lembro-me dela e também sorrio.

É tão real que quero partilhar:

"A razão principal é que já não há muita gente que tenha tempo a perder com o deserto. Não sabem para que serve e, quando me perguntam o que há lá e eu respondo "nada", eles riscam mentalmente essa viagem dos seus projectos. Viajam antes em massa para onde toda a gente vai e todos se encontram. As coisas mudaram muito, Cláudia! Todos têm terror do silêncio e da solidão e vivem a bombardear-se de telefonemas, mensagens escritas, mails e contactos no Facebook e nas redes sociais da Net, onde se oferecem como amigos a quem nunca viram na vida. Em vez do silêncio falam sem cessar; em vez de se encontrarem, contactam-se, para não perder tempo; em vez de se descobrirem, expoem-se logo por inteiro: fotografias deles e dos filhos, das férias na neve e das festas de amigos em casa, a biografia das suas vidas, com amores antigos e actuais. E todos são bonitos, jovens, divertidos, "leves", disponíveis, sensíveis e interessantes. E por isso é que vivem esta estranha vida: porque, muito embora julguem poder ter o mundo aos pés, não aguentam nem um dia de solidão. Eis porque já não há ninguém para atravessar o deserto. Ninguém capaz de enfrentar toda aquela solidão. "
Miguel Sousa Tavares, No teu deserto

30 agosto, 2009

Meus queridos 27

Comecei os 27 da melhor maneira. Rodeada por muitas das peças que completam o puzzle da minha vida. Jantar maravilhoso, cheiro a maresia, fogo de artifício, uma lua descomunal, uma noite quente, muita música e dança. Beijos, abraços e sorrisos. Os 27 vão ser qualquer coisa de bom. Sinto!

24 agosto, 2009

Praia de S. Pedro. Centenas de pessoas espalhadas pelo areal. Não havia um metro quatrado de areia à vista. Deitei-me à beira-mar. Primeiro, eu e o último livro do Miguel Sousa Tavares. O "No teu deserto" a ser consumido numa praia que de deserta tinha pouco. Mais tarde, a Sarita juntou-se num cenário que como um rapaz dizia: parece aqueles documentários da National Geographic, onde se vê as plataformas de gelo cobertas de focas.
Ainda assim soube-me mesmo bem!

23 agosto, 2009


Estou com o cabelo escuro - castanho muito escuro - um tom que o marketing prefere chamar "chocolate preto". Pintei-o. Nunca o tinha pintado de um tom tão escuro... cheguei a pôr em hipótese o preto mas tive medo de me arrepender. Ia ficar com um ar mais carregado e se quisesse atenuar o resultado seria mais difícil. Além disso, o preto pede sempre um corte ousado, fashion, irreverente. Não é o caso do corte que tenho (se é que ainda se pode chamar corte). A simpática senhora do supermercado é que o escolheu: "Leve este, que vai ficar lindamente com a cor da sua pele" e eu obedeci - talvez influencidada pelo nome do tom. Soava bem.

Estava farta das diversas tonalidades que coabitavam no meu cabelo: madeixas ruivas e loiras, secas do sol e do mar e o castanho natural que anda a crescer rapidamente. Resolvi o problema. A uma semana de fazer 27 anos apeteceu-me mudar de visual. Gosto de o fazer várias vezes durante o ano, gosto de descobrir novas Catarinas (umas mais do que outras). Sinto que é sempre uma nova fase, ainda que muitas vezes não o seja na realidade. Mas pelo menos eu gostava que fosse e imagino sempre que seja.

Vamos ver o que é que os 27 anos e os meus cabelos escuros me trazem de novo.

30 julho, 2009

Regresso à CC
Regressei à Casa, agora no Chiado. É um dos meus locais de eleição em Lisboa e apesar de ser longe de Cascais, gosto de trabalhar ali. Aproveito a viagem de comboio para pensar, para ler, para ouvir música... ando sempre a pé - todos os dias subo e desço a Rua do Alecrim.
Esta mudança é uma espécie de regresso ao passado, às origens. Foi naquela empresa que o meu percurso profissional começou, há quatro anos.
Há duas semanas fui surpreendida por um telefonema inesperado e dois dias depois já estava a escrever um projecto de ficção. Foi precisamente no momento em que tinha decidido aproveitar um pouco para pensar na minha vida. É sempre assim! Estava prestes a aventurar-me lá fora... tinha falado sobre isso com a Rak na véspera. Até agora estou a gostar; a minha equipa é porreira e... yes, voltei à ficção! :)))))))
Estou feliz. Pelo menos até Janeiro estou a respirar o charme do Chiado!
Acho que a estrelinha está comigo!

29 julho, 2009

Surpresa
Nunca me tinham feito tal surpresa. E logo eu, que adoro boas surpresas. Depois de umas mensagens inquisitórias... eis que ele me aparece de mochila às costas, carregado com gelado de morango, frutas, sumo de maçã e água das pedras... para irmos "piquenicar" ao pôr-do-sol. E lá fomos nós ver o sol a descer até ao mar num fim-de-tarde onde o barulho do mar rompia o silêncio, a par das nossas gargalhadas. O vento tinha parado no Guincho e o tempo também. As horas perderam-se no sabor de histórias intermináveis. Eu e ele. Nós e o pôr-do-sol. Ele faz-me sentir especial.

15 julho, 2009

Ontem fomos ver o World Press Photo, no Museu da Electricidade (recomendo vivamente! Está até ao dia 19 de Julho, próximo domingo). Depois de um belo passeio junto ao rio fomos "esplanar" para o bar do CCB. Digam lá se o rapaz não tem bom gosto?
PARABÉNS, VAN!


Hoje é um dia especial, pois a minha querida amiga Vanessa faz 27 anos. Falar da Vanessa é fácil, muito fácil. Ela é das melhores pessoas que conheço, é uma amiga plena, inteira, verdadeira. A Vanessa também carrega o mundo ás costas, está sempre disponível para tudo e para todos, e nunca se cansa de ajudar. Sabe ouvir, sabe aconselhar, sabe dar colo, sabe ralhar quando preciso de ouvir a verdade, sabe rir-se comigo mas também sabe chorar. É uma caranguejinha pura. Tem o sentido de família bem apurado e envolve-se facilmente em tudo o que entra. É uma excelente profissional por isso sei que a estrelinha vai estar sempre com ela - independentemente das voltas que a vida dá.
A Vanessa é um doce de pessoa. Um daqueles petit gateau que saem quentinhos do forno e que derretem qualquer gelado de nata.
Tenho uma grande sorte por a vida dela se ter cruzado com a minha há quase dez anos. Uma grande sorte!