08 dezembro, 2005


Há histórias que merecem ser contadas. Esta é uma delas. E passou-se na cidade mais romântica do Mundo: PARIS!


Ela estava no comboio. Distraída, como sempre, a olhar para o placar com a informação das estações. Ele estava encostado à porta, a observar tudo e todos. No mundo dele. Ela sorriu para a amiga e disse-lhe que estavam atrasadas. Ele ouviu e também sorriu. Porque também estava atrasado para as aulas, porque aquele idioma lhe era familiar. Aproximou-se delas, sem receio. Começou a falar na mesma língua e ficou contente por ter encontrado alguém que o entenda. Elas sorriram e sentaram-se os três em dois bancos noutra carruagem. Ele fez as perguntas básicas e elas também queriam saber tudo sobre ele. Uma mais do que a outra. Elas iam para a Disneyland. Ele ia para a Universidade, que ficava no mesmo caminho. Ele era simpático, comunicativo. Tinha uns olhos verdes expressivos e um sorriso aberto. Ela também sorria. E a amiga estava atenta à conversa. Tiveram de sair do comboio para mudar de linha e ele esperou por elas. Atrasado por atrasado estava disposto a fazer companhia. E assim foi. Mudaram de linha e continuaram a conversa. Uma conversa de comboio, banal, igual a tantas outras que por ali se cruzam. Próxima paragem… Era a dele. Despediu-se cordialmente com a certeza de que se iriam encontrar na cidade durante aquela semana. E saiu sem deixar rasto. Ela arrependeu-se por não ter trocado contactos e percebeu que nunca mais o iria voltar a ver. Não sabia nada dele a não ser o nome, o vasto local onde ele morava em Paris e a sua cidade em Portugal. Mas lembrava-se dos olhos verdes e do sorriso rasgado. E lembrou-se dele durante a noite. Dois dias depois lembrou-se dele mais uma vez. E decidiu ir à sua procura. Lembrava-se de um nome de uma casa. Mas não tinha a certeza de que era a dele. A amiga achava que não era essa. Mas algo lhe dizia que era. Resolveu escrever uma folha com um recado para ele, o rapaz do comboio, do sorriso rasgado com pronúncia do Norte. Foi à residência que lhe soou melhor com outra amiga, a parisiense. E mal entraram na casa o recepcionista perguntou que papel era aquele. Ela ainda tentou disfarçar mas a amiga acabou por contar a história. A verdade. Ele ficou radiante e quis ajudar a desvendar o mistério, de imediato. Foi ver às listas todas e procurou o primeiro nome do rapaz do comboio. E lá estava. No quarto número quatro. Mas seria ele? É um nome comum. Bonito mas comum. O recepcionista acreditou que o tinha encontrado. E elas também. Uma mais do que a outra. O homem simpático lá insistiu para deixarem o recado na caixa do correio. Para além de afixarem o outro num placar do hall de entrada. E ela fez isso. Porque lhe apeteceu. Porque queria encontrar novamente o rapaz do comboio. Mas seria ele? Seria aquele nome o dele? Ela deixou-lhe o bilhete na caixa do correio, com o seu e-mail. As duas amigas foram-se embora. Uma mais esperançosa do que a outra.
Passaram dois dias e nada de mail. A caixa continuava vazia sem notícias do rapaz do RER. A casa não era aquela, de certeza. Aquele não era ele. Fizeram as malas e foram para o aeroporto, de regresso a casa. Ela lembrou-se dele. Mais uma vez. Sabia que não o voltaria a ver. Mas no dia seguinte, quando foi ver a caixa de correio electrónico ficou surpreendida com uma mensagem. Era o rapaz do comboio!!!
Em PARIS tudo pode acontecer!Mesmo que seja ficção...

2 comentários:

XiXas disse...

love actually...in Paris!! :)

Anónimo disse...

Amor ao amanhecer...eu bem te digo...