23 dezembro, 2007

Adorei participar na festa da Comunidade Vida e Paz, sobretudo porque contactei com pessoas muito diferentes, que infelizmente são obrigadas a viver de uma forma menos digna, injusta. Quando estive no cabeleiro que montaram lá, na Cidade Universitária, o que mais me impressionou foi a quantidade de velhinhos que ali se dirigiram porque tinham deixado a reforma ou a pensão nas farmácias, com os medicamentos. Com os Sem-Abrigo só contactei no dia seguinte, quando estive na distribuição de roupas. A arrogância e a inveja não escolhe estratos sociais. É impressionante quando pessoas que nada têm ainda se tornam exigentes quando se lhes oferece qualquer coisa. "Não percebo, aquele ali leva umas botas fixes, a mim só me calha porcaria!"- é triste ouvir frases destas quando por detrás daquela acção houve um grande empenho de várias pessoas que quiseram ajudar, mesmo quando também levam uma vida difícil. Isso deixou-me triste. Mas para compensar, houve pessoas que me marcaram pela sua generosidade, pela humildade, pelo tempo que dedicaram aos outros. Recordo-me de um rapaz que foi ao cabeleireiro cortar o cabelo e que no dia seguinte já estava com uma t-shirt de voluntário vestida, a ajudar a servir jantares na cantina.
Apesar de toda a miséria que vi, aqueles dois dias preencheram-me, reconfortaram-me. Foi bom chegar a casa e olhar para a minha cama com outros olhos. É mesmo importante relativizar os problemas e valorizar estes pequenos momentos. A minha colaboração foi apenas uma pequena ajuda mas senti-me muito bem. Gosto de ajudar e gostei de ver que ainda há muita gente que se preocupa com os outros. Tenho muita vontade de continuar a fazer voluntariado.

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