O ACONTECIMENTO INSÓLITO DO INEM
"Não se deve brincar com coisas sérias" é o que se costuma dizer. Mas neste caso - depois de quase dez minutos de conversa entre a senhora do centro do INEM, a médica da VMER de Vila Real, o bombeiro de serviço de Favaios e o de Alijó- temos mesmo de rir para não chorar. O telefonema a que assistimos é apenas representativo do que acontece diariamente neste país. As pessoas morrem por falta de meios, por falhas de comunicação, por burocracias que nunca mais acabam. Senti isso na pele. Há quase vinte anos, a minha avó Rosa sentiu-se mal e a minha mãe ligou de imediato para a emergência médica e com a eterna lista de perguntas que lhe fizeram e muitos nervos à mistura, quando a ambulância chegou já a minha avó estava morta...
Bem sei que tem de ser feita uma triagem porque há gente muito estúpida que se diverte a fazer telefonemas falsos para o INEM. É triste e é a realidade em que vivemos. Mas temos de mudar porque a saúde é um direito que nos assiste. Não podem morrer pessoas porque não há ali canetas para apontar o número da ficha. Não podem morrer pessoas porque "Castedo é Favaios". Não se pode pôr em risco uma vida humana porque só há um bombeiro disponível para sair!
Ontem fui visitar a minha avó Olga ao Hospital São Francisco Xavier. Estava internada no SO, felizmente transferiram-na para a enfermaria do Egas Moniz porque houve uma vaga e o SO do S. Francisco está a rebentar pelas costuras. Fiquei ainda mais revoltada com o estado da saúde no nosso país. Não há direito de haver macas com velhinhas nos corredores, nas correntes de ar, expostas a tudo e a todos, a gemerem com dores, à espera que a morte as leve dali. Não há direito de os médicos, enfermeiros e auxiliares trabalharem naquelas condições!
Espero que se fale menos de política na saúde e que se faça mais e melhor. É URGENTE!