20 junho, 2012

Expurgar

Felizmente estou rodeada por pessoas que permiti que entrassem na minha vida. Sou cada vez mais selectiva nesse aspecto e tenho-me dado bastante bem. Descartar aqueles que nada me acrescentam, ignorar os que ainda me incomodam e prender os que amo na minha teia de amigos. Cultivar e regar a amizade e o amor. Ser feliz e fazer os outros felizes, que é um prazer enorme. Afastar-me de mesquinhices, de pessoas que aparentemente são muito espirituais e que fazem retiros e são zen, blablabla... e que depois são más como as cobras, destilam veneno. Mas sei bem distinguir quem de facto tem essa filosofia e vive-a em pleno de quem apenas se escuda nela para disfarçar a sua pequenez. Sei distinguir porque tenho a honra de conhecer pessoas que me ajudaram a crescer bastante espiritualmente porque nelas o amor e a verdade coabitam livremente.
A minha vida está cheia de amor. Sou muito feliz. E entristece-me ver pessoas que sobrevivem sugando a energia dos outros. Entristece-me ver a arrogância, a falta de humildade e de generosidade. Entristece-me ainda mais perceber que essas pessoas não querem aprender e que estão a desperdiçar a oportunidade de serem felizes. A vida passa-lhes mesmo à frente dos olhos e elas são incapazes de a agarrar. Metem-se na vida dos outros porque deixaram de ter uma. Ou simplesmente nunca tiveram e nunca irão ter. São tão vulneráveis e fracas que a única coisa que se pode apropriar delas é a solidão.

14 junho, 2012

Regresso à Escolinha

Amanhã vou à festa de final do ano da escola da minha sobrinha, que por acaso foi também a minha até à quarta classe. Como a escola faz 25 anos, a directora convidou-me a participar como ex-aluna. E na quarta-feira lá fui eu para o ensaio geral às 9h30. Arrepiei-me ao ver a minha sobrinha naquele palco. Fechei os olhos e fui invadida por uma melancolia avassaladora. Senti tantas saudades de ser pequenina. Mas também senti um enorme orgulho por vê-la ali, toda empenhada, com quase um metro de altura. Confesso que mal ouvi a música incial que me vieram as lágrimas aos olhos. Senti tantas saudades, lembrei-me de tantas coisas que passei ali. Fui tão feliz naquele recreio, com os meus amigos, com as professoras e auxiliares. Voltei a pisar o palco após 20 anos... o tempo voa mesmo. Enfim... amanhã vai ser um dia cheio de emoções. Só espero não me engasgar porque no ensaio até correu bem.

Sobrevivi às festas!

Sim, é verdade. Sobrevivi ao fim-de-semana sempre em festa e foi tão bom. O cansaço que senti durante toda a esta semana foi esquecido pelas emoções que vivi na sexta, no sábado e no domingo.
É tão bom estar entre família e amigos. Não há melhor!
E durante toda a semana tive uma bela hóspede cá em casa. A minha TX. Foi muito bom poder partilhar os serões com ela. Deu para pormos a conversa em dia e matar saudades. Cada vez admiro mais a minha amiga. Que furacão!
No Sábado a minha sobrinha estava nas sete quintas. Adorou a festa com os amiguinhos. Teve direito a pinturas faciais e balões mágicos e estiveram a tarde toda na brincadeira. Achei impressionante ver crianças de 3 anos tão bem-educadas e organizadas nas brincadeiras.
No domingo o meu J. chegou aos 31. Gosto tanto, tanto, tanto dele. Foi uma grande festa. Tivemos para aí 30 pessoas em nossa casa, só família. Criançada e adultos, tudo animado! No dia seguinte, reparei que até batatas fritas tinha no chão do meu quarto.
Foi um grande fim-de-semana!Inesquecível. Apesar do trabalho que tive, repetia tudo outra vez!
Eu gosto muito do meu Sporting mas também adoro a selecção. Desde o Euro 2004 que a minha paixão pela equipa das quinas despertou. Foram feitas inúmeras críticas ao Scolari mas que foi o senhor que acendeu a chama da selecção lá isso foi! E tiro-lhe o chapéu por ter conseguido reunir os portugueses em torno da equipa de futebol. Eu vibrava a cada jogo, a cada golo. Lembro-me que fomos somando vitória a vitória até chegarmos à final e perdermos com a Grécia. Mas esse campeonato foi uma grande festa nacional.
Hoje li várias críticas ao Cristiano Ronaldo. Eu gosto dele, acho-o um jogador fora de série, tem talento e trabalha para isso. Mas a verdade é que ontem não esteve nos seus dias. Falhou e um jogador daquela qualidade não pode falhar em situações decisivas. Não pode. Agora também não é necessário crucificar o rapaz que tanto orgulho nos tem dado. Mas efectivamente ele não tem estado bem e esta pressão de ainda não ter marcado golos só o tem prejudicado. Agora, continuo a defender que ele é um excelente jogador e que tem todo o mérito nos títulos que tem ganho. Se é vaidoso e arrogante? Sim, suponho que sim. Não aprecio essas características... mas então? Não deixa de ser um grande jogador. E mais, digam o que disserem, o rapaz tem uma qualidade que eu aprecio imenso: não se esquece da família: ajuda a mãe, as irmãs, os cunhados (ou ex-cunhados), sobrinhos, etc. Se pode e tem gosto, ainda bem.
Agora espero sinceramente que ele marque muitos golos contra a Holanda e que Portugal passe a fase de grupos.

05 junho, 2012

A minha sobrinha

Ontem a minha sobrinha fez 3 anos. Está tão crescida, no espaço de um ano deixou de ser bebé para passar a ser uma menina. Ela bem diz: "já sou crescida". É um dos meus grandes amores. Tenho uma relação muito especial com ela. Acompanhei a gravidez da minha irmã, passámos muito tempo juntas. Falei imenso com a M. ainda estava ela na barriga. Depois, estive no quarto da maternidade até a obstetra dizer: "vamos para o bloco que já se vêem as trancinhas". E só me lembro de passados vinte minutos aparecer o meu cunhado com ela no colo, acabadinha de nascer. Estava com a pele muito rosada, tinha um gorro azul bebé e cor-de-rosa e estava com os olhos muito abertos, que nos alcançavam através do vidro do berçário. Parecia que já nos conhecia. Aquelas duas azeitonas luminosas sedentas de vida a olhar para nós. Era pequenina, parecia um coelhinho. E linda, linda, linda. Lembro-me da emoção de a pegar pela primeira vez. Lembro-me do conforto de tê-la nos braços. Do amor que nasceu muito antes de ela nascer e que é cada vez maior. Não sou mãe, espero um dia sê-lo. Mas acho que o sentimento que está mais perto desse amor maternal é aquilo que sinto pela minha M. Vê-la crescer é um prazer imenso. Vê-la a tornar-se cada vez mais independente, mais desenvolvida, a descobrir o mundo a cada dia que passa. É um privilégio ser tia e madrinha da M.
Na semana passada voltei à minha escola secundária mas desta vez na condição de oradora de uma aula de escrita criativa. Já saí de lá há treze anos. Revi professores que me marcaram imenso. Sobretudo a minha professora de português do 8º e do 12º ano. 
No ano passado já tinha ido e este ano repetiram o convite e eu, claro, aceitei. É sempre um prazer falar daquilo que se faz com prazer. Desta vez levei uma colega e amiga e os alunos adoraram, tal como no ano passado. Apesar de a maioria deles ser de ciências, os alunos mostraram-se sempre muito interessados e houve uma grande interacção entre nós e a plateia. 
Antes odiava falar em público, tremia por todos os lados cada vez que tinha de ir apresentar um trabalho na faculdade. Hoje em dia já não me faz muita confusão e se for para falar de uma das coisas que mais gosto de fazer na vida, melhor ainda! Adoro falar do meu trabalho e de explicar como é que as coisas se processam. Mas sinceramente acho que nem toda a gente pode ser argumentista. Nem é uma profissão que se possa aprender. Ou temos essa capacidade criativa de conceber histórias e de entrar na cabeça das personagens ou está tudo estragado. Já tive vários colegas que experimentaram e que até se esforçaram. Sabiam aplicar a técnica mas não passavam disso. Simplesmente nunca vão ser argumentistas. Não têm ginástica mental  para se colocarem de parte e entrarem na cabeça das personagens. Acho que é uma profissão em que se evolui e se aprende bastante - sem sombra de dúvidas. Mas ou a pessoa tem esse dom ou simplesmente não tem. E aí não há nada a fazer. Prende-se com a sensibilidade, com o espiríto observador, com a capacidade de olhar à volta, com a curiosidade, com a pesquisa e, claro, com a criatividade. Ah, e quando se escreve para televisão é fundamental ser rápido e eficaz uma vez que os prazos são sempre apertados.
Lembro-me de um professor que tive na faculdade, leccionava a cadeira de atelier de jornalismo e trabalhava no Público, que um dia me disse: "A Catarina tem veia de repórter. E isso é uma coisa com a qual se nasce. Ou se tem ou não se tem. Não dá para aprender a ser repórter". Acho que tem tudo a ver com a capacidade de ver as coisas, de as analisar ao pormenor. E talvez seja essa mesma sensibilidade com que escrevia as reportagens literárias (que tanto adorava) que me ajuda a fazer o meu trabalho, a desenvolver histórias e personagens.
Depois da aula na minha antiga escola, fiquei com a sensação de que podia fazer isto mais vezes. Ia gostar!