25 novembro, 2007


ESCOLHER
Umas vezes escolhemos, outras vezes somos escolhidos. Às vezes podemos ter a sorte de escolher quem também nos escolhe. O verbo escolher implica abdicar de algo. Para escolhermos uma coisa, perdemos outra. Talvez não seja perder no sentido negativo do verbo, mas uma perda relativa, de uma hipótese que foi afastada para podermos viver a outra opção. Com o passar dos anos tenho percebido que inconscientemente tenho feito muitas escolhas. De experiências. De vida. De pessoas. Nestes 25 anos conheci muita gente e percebo que há uma espécie de selecção natural, de filtro, que tem prendido apenas algumas pessoas à minha vida. Tal como no leite fervido que mergulha através do passador, na minha vida só tem ficado a nata da nata - as pessoas que REALMENTE são importantes. Não interessam as distâncias, não interessa o tempo que passo com elas, não interessa se as conheci no ano passado, ontem, ou se já as conheço desde que nasci. Cada vez que estou com essas pessoas sinto que ainda no dia anterior estivemos juntas. É a isso que chamo amizade, amor, cumplicidade. Basta um olhar, um gesto, um sinal para nos percebermos, para nos rirmos, para chorarmos. Partilharmos.



Depois olho para trás e reparo que pelo passador evaporaram-se muitas pessoas, que até numa determinada parte da minha vida pareciam nata. Ilusão. Desilusão. Indiferença. Evaporaram-se. Não sinto saudades delas. Não sinto vontade de as rever. São as pessoas do "olá! Tudo bem?". Antes ainda dizia" temos de combinar qualquer coisa", quando as via. Agora não estou para isso. Já não as conheço e elas também não me conhecem. O que é que temos para partilhar? Lembranças. Passado que já passou pelos buracos do passador.



Já fui escolhida, já escolhi e já tive a sorte de escolher quem me escolheu. Mas ainda há espaço no passador!


Corria-lhe a vida como o sangue lhe circulava nas veias. Depressa, num acelerar constante, sem tempo para pausas, intervalos. Reflexões, até. O ruído do despertador interrompia a melhor parte do sono dela, em que sonhava que o tempo parasse, ou pelo menos andasse mais devagar, num compasso lento, que lhe permitisse, saborear, mastigar, cada minuto, cada segundo, da vida. Dava banho aos miúdos e vestia-os à pressa. O pequeno-almoço era tomado no carro - iogurtes líquidos e pacotinhos de bolachas. Eles não se queixavam, já estavam habituados àquela correria. Os miúdos falavam muito no carro, ela atendia os telefonemas da empresa, que eram sempre tão urgentes. Deixava os filhos na escola, olhava-os pelo retrovisor. Eles atravessavam de mãos dadas a rua, na passadeira, enquanto ela agendava mais uma reunião. Avançou na estrada e reparou que os enfeites de Natal já tinham vestido as ruas. Desligou a chamada. Pegou no seu palm e percebeu que já era dia 15 de Dezembro. Parou o carro junto a um candeeiro, agora enfeitado com folhas a imitar azevinho. O telemóvel tocou mais uma e outra vez. Ela olhou para o visor, onde se lia empresa e desligou o aparelho. Parou a vida durante dez minutos. Lembrou-se dos Natais na aldeia, com a família reunida, das rabanadas feitas pela mãe, das filhós da tia Rita, do cheiro a lenha a arder na gigantesca lareira da sala, do musgo que apanhava para o presépio, do sabor do vinho do porto com canela, que o pai preparava com tanto entusiasmo. Das gargalhadas que se prolongavam até à madrugada. Pela primeira vez teve tempo de sentir saudades. Pela primeira vez lembrou-se que os filhos nunca tinham tido um Natal a sério, como ela sempre teve até sair da aldeia. Ligou o telemóvel e fez uma chamada para a mãe. “Este ano contem connosco para o Natal.” Saiu do carro e sentiu o frio gelado a entrar-lhe pelos poros. Fechou os olhos e deixou-se estar assim, quieta, sossegada, parada no tempo. Desta vez era ela a dar ordens ao relógio, a exigir que ele parasse. Sentou-se num banco de jardim e apertou mais o cachecol de lã macia. Acendeu um cigarro e saboreou-o até ao fim. Lembrou-se dos miúdos. Só uma chamada da empresa voltou a interromper os seus pensamentos. Ela deitou o telemóvel no caixote do lixo mais próximo. Voltou a entrar no carro e só parou à porta da escola dos miúdos. Foi buscá-los. Eles ficaram baralhados. “O que é que vieste cá fazer?”- perguntou o mais velho. “Estava a escrever a carta ao Pai Natal, mamã”, disse o mais novo. Pela primeira vez ela quis saber o que é que o filho tinha pedido. Era sempre mais prático os miúdos assinalarem nos catálogos dos hipermercados os brinquedos ou jogos que queriam ter. Ela limitava-se a pedir à secretária para os comprar. “Pedi ao Pai Natal para te trazer muitos relógios, para teres mais tempo”. Ela ficou arrepiada com as palavras do filho. Deu as mãos aos dois e avançaram juntos até ao carro. “Onde é que vamos?”- perguntou o mais novo. “Não tens de ir trabalhar?”, o mais velho estava cada vez mais confuso. Ela esboçou um sorriso doce e olhou-os por instantes, como se os estivesse a ver pela primeira vez. Reparou que eles tinham crescido, percebeu que não olhava para eles, com olhos de ver, de sentir, há muito tempo. Anos, talvez. Aconchegou-lhes os casacos e disse: “Vamos para casa… Ainda não montámos a árvore de Natal”.

22 novembro, 2007



Como bons portugueses que somos... Lá nos
SAFÁMOS!




"À rasquinha", claro! A selecção nacional faz-me lembrar o Real Madrid de Figo, Beckam, Ronaldo... Jogadores brilhantes, autênticas estrelas, mas que não funcionavam como equipa. Sou uma fervorosa adepta da Selecção, daquelas que vibram, que gritam, que choram, pulam! Ao contrário de Scolari, acho que a fase de apuramento podia ter corrido muito melhor. Mesmo com todos os problemas julgo que a nossa equipa podia ter dado mais alegria aos portugueses.

Gosto do Scolari, sempre gostei. Acho piada ao mau feitio dele e à casmurrice. Reconheço que o treinador já esteve mal nalguns momentos mas o Mister Felipão já me deu tantas alegrias que me permite desculpar as gafes que ele dá de vez em quando. Foi preciso vir aquele homem para revolucionar a ligação entre os portugueses e a selecção nacional- esse tem sido o maior feito dele!

Estou com muita esperança no Euro 2008 e espero que esta selecção consiga mostrar à Europa e ao resto do mundo o seu talento. Eu cá estarei para os apoiar, sempre! Sem assobios.

Comunidade Vida e Paz

Já há algum tempo que ando com vontade de fazer voluntariado. Fiz várias pesquisas sobre instituições mas a verdade é que fui adiando este desejo. Não sei se por falta de coragem, se por comodismo, se por egoísmo, se pelo facto de ter medo de falhar. A verdade é que essa ideia de voluntariado, na minha cabeça, sempre esteve associada aos sem-abrigo.
Por destino ou acaso, este mês recebi um mail da comunidade vida e paz a pedir voluntariados para a organização da festa de natal que aquela instituição promove todos os anos. Inscrevi-me de imediato, para a formação e para colaborar em dois dias da festa. Ontem foi um dos dias de formação e fiquei completamente surpreendida pela quantidade de pessoas que encheram a cantina da cidade universitária. Não havia sequer lugares para tanta gente. Jovens, adultos, pessoas cuja idade se reflecte nas rugas e nos cabelos brancos, mães e filhos, casais... Enfim, todos unidos por uma causa nobre. Vou colaborar em duas tarefas- no cabeleireiro (não, não vou cortar o cabelo aos convidados, isso vai ser feito por profissionais), vou maquilhar as mulheres, arranjar-lhes as mãos, lavar o cabelo dos convidados, varrer e limpar o chão... Enfim, vou fazer tudo para que aquele dia seja especial para eles, quero que naquele momento sintam que alguém está a cuidar deles. Depois, vou estar na distribuição das roupas. Gostava muito de trabalhar na área do acolhimento mas foi a mais concorrida. Portanto, decidi ir para os sítios em que fizesse mais falta. Estou muito entusiasmada com este evento, acho que vai mudar alguma coisa em mim. É pena (e contra mim falo) que as pessoas só façam solidariedade quando há campanhas, principalmente, no Natal.

20 novembro, 2007

JUST BREATHE

Depois de uma tarde melancólica de domingo passada no sofá, com uma manta sobre as pernas, a ver a série, dei por mim a pensar: será que é mesmo pior estar mal acompanhada do que sozinha? Este tempo, esta chuva, este cheiro a Natal, destapam a minha sensibilidade. Assim não dá! Ainda estamos a um mês do Natal!

16 novembro, 2007

09 novembro, 2007