18 setembro, 2005

REENCONTRO


Cheguei à falésia. Olhei em meu redor. Não vi ninguém. Não ouvi ninguém. Só as ondas do mar e o vento que, lá ao fundo, levantava a areia. Sentei-me no banco corrido de madeira. E pensei: quantas pessoas já terão estado aqui sentadas? Quantas paixões foram aqui desvendadas? Quantos relacionamentos foram aqui terminados? Quanta saudade foi aqui sentida? E solidão... Porque é que o mar ateia as paixões e acalma o sofrimento? Parece que o leva na maré e que se vai perdendo na ondas, devagarinho.
Olhei para a praia e respirei fundo. Bem fundo. Como eu gosto de estar ali... Mesmo que não seja para atear a paixão nem para atirar o sofrimento às ondas... Refugio-me ali quando tenho de tomar decisões. E gosto de estar ali porque me sinto bem. Porque uma imensa calma me invade o corpo e a mente. Sim. Não é apenas uma sensação psicológica. É também física. Muito física. Tirei o livro da mala e reli a contra-capa: "Quando alguém se cruza no nosso caminho traz sempre uma mensagem para nós. Encontros fortuitos são coisa que não existe. Mas o modo como respondemos a esses encontros determina se estamos à altura de receber a mensagem". Olhei novamente para o mar e pensei: porque é que estou aqui sozinha?
Fui ali para me reencontrar. Às vezes também precisamos disso.