24 novembro, 2005



DEBAIXO DE ÁGUA
São autênticos peixinhos dentro de água. Destemidos, na piscina, os bebés mostram que a natação é muito mais do que uma aula onde se aprende a nadar.

10h30. Sábado. Já se ouvem gargalhadas nos corredores de uma bonita e colorida vivenda em Cascais. Entra-se no Health Club e descem-se umas escadas que levam a uma espécie de túnel azulado, cujas paredes estão adornadas com tapetes em forma de animais- sapos, caranguejos, golfinhos- que transformam aquele corredor num verdadeiro oceano. Nos balneários, os bebés vão vestindo o mais depressa possível os minúsculos fatos de banho, com a ajuda dos pais. Junto à entrada para o recinto da piscina já está formada uma fila, que espreita ansiosamente através das duas janelas- que fazem lembrar dois gigantescos aquários.
A professora Margarida Cruz e o monitor Bernardo Crespo estão dentro de água, à espera das mães e dos pais que trazem os bebés ao colo. O azul turquesa dos azulejos da piscina mistura-se com as cores garridas dos brinquedos e dos colchões que vão flutuando na água.
A Ana Catarina tem quase dois anos e é um dos quatro bebés que vieram à aula. Pendurada no pescoço da mãe, a Catarina revela, com um sorriso, a vontade de entrar na água. Sónia Frasco resolveu pôr a menina na natação aos três meses de idade. Desde essa altura que Sónia começou a notar uma grande evolução na filha: “no andar, por exemplo, ela começa a mexer-se muito mais rápido e a ter outras defesas que não tinha. Quando cai levanta-se rapidamente.”
De mãos dadas à professora Margarida, a Ana Catarina prepara-se para mais um mergulho. “1, 2, 3!”, conta em voz alta a professora. Os estímulos sonoros constituem um dos elementos que se desenvolve com a prática desta actividade. “A partir da altura em que ouvem o «1,2,3» os bebés começam logo a fechar os olhos porque sabem que vão mergulhar”, comenta a professora.
Há 20 anos que Margarida Cruz dá aulas de natação. Mas foi em Madrid que se especializou em bebés. O seu olhar meigo, maternal, revela o gosto que tem ao ensinar nesta área tão difícil. “Não é qualquer pessoa que consegue estar a trabalhar com bebés. É preciso ter uma grande relação com eles. Gostar muito deles.”- confidencia a professora.
Dentro de água, cada bebé vai flutuando em cima de um colchão de espuma, que o jovem monitor Bernardo vai puxando. Do outro lado da janela, do gigantesco aquário, com as cabeças coladas ao vidro, estão dois homens e duas mulheres deliciados a observar os malabarismos dos filhos. O pai da Ana Catarina é um deles. O seu olhar cintilante persegue todos os movimentos da filha.
Para a professora Margarida Cruz, os bebés devem iniciar esta actividade aos três meses. É nessa altura que eles mais precisam de despender energia. Pois, nessa fase, as crianças “só comem e dormem”, refere a professora. É mesmo dentro de água que os bebés conseguem gastar a energia acumulada, movimentando-se de uma forma rápida. Nesta actividade são explorados vários aspectos como a coordenação dos movimentos, os estímulos sonoros e visuais e até a perda dos vários medos. Todos estes factores contribuem para que o bebé adquira uma maior autonomia.
Cada lição é um simples jogo de confiança em que as vitórias são celebradas ou com beijinhos ou com o gesto «dá cá mais cinco!», a que os bebés respondem com a pequenita mão levantada no ar
É na água que as emoções são exploradas. Mimos, gargalhadas, cumplicidades, que muitas vezes são esquecidos durante a semana, com a rotina e o stress do trabalho.
Em 30 minutos, professores, pais e bebés juntos numa aula de afectos.

19 novembro, 2005



CHRISTMAS IS ALL AROUND!

Santa Claus is Comming to Town!

18 novembro, 2005






Um Buffet : Várias mesas corridas, redondas, floridas, gigantescas, de braços abertos para aqueles que literalmente têm mais olhos que barriga. Ou talvez não!

Um casamento, um baptizado ou uma simples festa de aniversário são sempre bons argumentos para nos sentarmos à mesa com os amigos. E quando chega a altura de escolher o menu há sempre uma opção que agrada a todos: o famoso buffet!
É uma autêntica maratona! Cinco minutos depois de estar toda a gente sentada, os empregados dão o sinal de que os convidados se podem começar a servir. Saltam imediatamente das cadeiras e rasgam a pista de tartan, deslocando-se todos para a grande cascata de camarão. Primeira fila, primeiro engarrafamento! Com o prato na mão, eles vão rezando para que a sua vez chegue rapidamente e quando isso acontece, despejam energicamente o marisco e, não vá o diabo tecê-las, levam noutro pratinho mais meia dúzia de gambas.
Enquanto se ouve o alvoroço da corrida, do autêntico trânsito provocado pela gula, vê-se ao longe, no palco improvisado, um cantor que vai afinando o órgão. Minutos depois, começa a cantar aquele repertório- que de original tem pouco- e vai gritando umas notas que se perdem na multidão. Ninguém dá por a presença daquela estrela. Até podia ser a Madonna que ninguém a teria visto!
Mas isto de ir a um buffet tem muito que se lhe diga. Existe, de facto, uma filosofia desta arte que consiste exactamente em comer o máximo no mínimo de tempo. E a verdade é que existem verdadeiros profissionais dos buffets. Alguns até têm mestrado. Quando chega a altura de ir à mesa das sobremesas não há cá cerimónias! Como a tarte de morangos não sobrevive àquela gente toda o melhor mesmo é jogar pelo seguro. Leva-se a delícia encarnada, repleta de chantili, para a mesa. Inteirinha, que é melhor!
Depois dos digestivos, começamos a ver várias pessoas a deslocarem-se, amareladas, pálidas, até à casa de banho. Nem dá para acreditar: mais outro engarrafamento! Quando regressam às mesas há uma coisa que sobressai e que lhes é comum: o botão das calças ou da saia já não está aprisionado na casa. Ele agora pode mover-se e a braguilha também! Cuidado! Mas como ainda há muita coisa apetecível nas mesas e como no estômago sempre se arranja um espacinho e- se não se arranjar toma-se um kompensan- lá seguem todos novamente com os pratos na mão, atropelando-se, para as intermináveis filas, com o mesmo entusiasmo do início da festa.
Quando a hora da despedida se aproxima, muitas lágrimas vão caindo. Dá-se a última volta à pista, a de honra. Olha-se pela última vez para as mesas- que agora estão mais vazias e silenciosas- e pergunta-se ao empregado se não há caixinhas para levar os restos. Isso se eles não as tiverem já levado de casa!
Com tanto pecado mortal só nos resta mesmo dizer: bom apetite!


YOU'RE BEAUTIFUL...
It's true.



O céu está coberto por umas nuvens acinzentadas. O sol vai espreitando timidamente, de vez em quando. Abro a janela. Cheira a terra molhada e a café acabado de fazer. Oiço uma música de Craig Armstrong e lembro-te de ti. Do teu sorriso quase mudo, que se reflecte no olhar e me prende. Da tua timidez, que te esconde dos outros e que te esconde de mim. Por vezes. Mas eu gosto de pessoas misteriosas. É como se tivesse o desafio de desembrulhar um presente sem saber o que está lá dentro. Por cada pedacinho de papel que se vai rasgando o nosso espírito vai tentando adivinhar o conteúdo. E quem não gosta de surpresas? Eu adoro. Boas surpresas, claro. Que as outras não fazem falta. E tu és uma boa surpresa. Tenho a certeza disso. Porque a minha intuição raramente me engana. Porque o desejo de que sejas assim é tão forte como a vontade que tenho de estar perto de ti.
Tens o dom de me tornar menos racional e mais impulsiva. Desarrumas, arrumas e voltas a desarrumar a minha vida sem sequer teres noção disso. Confesso que sabe tão bem...
Hoje lembro-me de ti. Amanhã logo se verá.

11 novembro, 2005







PARIS...

Aí vamos nós!!! : )

TURN ME ON


I'm still waiting...


Like a flower waiting to bloom
Like a lightbulb in a dark room
I'm just sitting here waiting for you
To come home and turn me on
Like the desert waiting for the rain
Like a school kid waiting for the spring
I'm just sitting here waiting for you
To come on home and turn me on
My poor heart, it's been so dark since you been gone
After all, you're the one who turns me off
You're the only one who can turn me back on
My hi-fi's waiting for a new tune
The glass is waiting for some fresh ice cubes
I'm just sitting here waiting for you
To come on home and turn me on
Turn me on

(Norah Jones)

06 novembro, 2005



Quando o sol brilha...

Ontem à noite apeteceu-me ser jornalista. Apeteceu-me estar no lugar da Raquel Marinho, a fazer a grande reportagem sobre um campo de férias para crianças queimadas.
Arrepiei-me desde o princípio ao fim da peça. A maturidade daquelas crianças é simplesmente impressionante. Porque tiveram de crescer à força. Tiveram de deixar de ser crianças porque a vida lhes roubou todos os sonhos. Assim, sem mais nem menos. E vida, sobretudo as pessoas continuam a ser cruéis para elas.
Apesar de estas crianças serem iguais a todas as outras, os outros gostam de lhes mostrar e de lhes fazer sentir que são diferentes. Como se não lhes bastasse uma cicatriz no peito ou na cara estas crianças têm de enfrentar uma cicatriz, muito mais profunda, que lhes atravessa o coração. Mas o mais incrível é que elas já aprenderam a viver com isso e com muita esperança, que lhes tenta aconchegar a dor. Pelo menos durante aquele campo de férias, onde não há olhares furtivos, onde todos os meninos são iguais. Sem espaço para complexos.
No campo de férias, psicólogos e terapeutas fazem um esforço para construir o mundo de sonhos que eles não encontram fora daqueles muros. Ali, todos os meninos voltam a ser as crianças que adormeceram dentro deles. Ali todos os meninos voltam a ser a criança que um dia o fogo lhes roubou.

02 novembro, 2005

O JANTAR... O TAL!
Folhadinhos no forno. Mesa posta. Começam a chegar: Vanda, Rita e António, Tita e André. Tocam outra vez à campainha: Sérgio e Tiago. "Os de sempre" estão reunidos. Os de sempre e aqueles que costumam vir mas nem sempre se vêem... Roubam-se uns folhados, ainda bem quentinhos. A Joaninha? A Joaninha? Vão perguntando. Uns mais interessados do que outros... E lá chega a Joaninha, com o vento e com o cheesecake na mão. Salta a quinta do cabriz para cima da mesa que o frio vai pedindo. O frio lá de fora. Porque cá detro a temperatura vai subindo. Abram as janelas! Há olhares supeitos que se soltam da mesa. Homens para um lado. Mulheres para outro. Servem-se os pratos. E os copos! Mais uma e outra vez. Assunto tabu: os monstrinhos do Lockness (18) e o anel de Tita. Cuidado que pode vir no bolo, exclama o André!Outra fatia e nada de anel! Nem de pedido! Mais uma conversa e um intervalo de três segundos de silêncio - é o António que conta. Mais uma gragalhada.
Todos na mesa. Tempo de saborear um café. Tempo de saborear outra gargalhada. O Sérgio levanta-se e ajoelha-se em frente à minha maninha. Tira um anel do bolso, dentro de uma caixinha e tudo, e pede a Andreia em casamento! Apagam-se as luzes! Toca-se com a colherzinha no copo (que é sempre bonito) e a noiva fica de todas as cores. Sorri enquanto o noivo espera pela resposta. Brincadeirinha... Diriam os brasileiros... Mas deu que pensar. A noiva cansou-se de esperar pelas palmas e deu o beijo da praxe. Antes fosse... Mas os lábios carnudos só se tocaram numa mão, bem pequenita! Pena! Eu até gostava do meu cunhado. A pré-boda é interrompida pelo alarme. O inimigo do papá António lembrou-se de avisar a mãe Vanda. Ah, pois é! E outro telemóvel dá sinal. É o Sancho, que não pôde ir ao jantar... Mas recebeu a notícia do noivado pelo telefone. Confusão total! Pelos vistos não ficou animado com a bôda!
A Quinta de Cabriz começa a evaporar-se. Mais gargalhadas, mais parvoeira que assim é que é bom. As conversas começam a descer, quase a pique, como o vinho da garrafa. Pergunta-se o preço do viagra; fala-se no canal que ninguém tem nem vê; E o André ainda se lembra de que o pau de cabinda é para beber... Ainda bem que a hora vai mudar. Se pudessemos parar o tempo...
Toca novamente o telemóvel. Ninguém atende. Era o Pita. É o Pita! Conversas paralelas impede-nos de ouvir a conversa dele e a nossa conversa. Ninguém se entende. Toca a campainha e faz-se Luz, numa entrada triunfal. É das loiras que eles gostam mais. Renova-se o ar e o ambiente. Preparamo-nos para sair, que a noite ainda é uma criança e há mais uma hora! Uns querem ir para o vale ganhar a hora. Fala-se no Nessão. Há quem vá dormir com ele. Não acuso ninguém! Deixamos os noivos, os habitués e os mais ou menos do costume, rumo à pista. Deixamos a mesa e os sofás e o CD na aparelhagem. Encontramo-nos lá. Mais uma hora para aproveitar!
Afinal, este era aquele jantar! O tal!

But everybody thinks that everybody knows
About everybody else but nobody knows
Anything about themselves
Because they're all worried about everybody else

(Jack Johnson)

01 novembro, 2005

NOSTALGIA...

Hoje deu-me para a nostalgia. Todos temos os nossos momentos e hoje foi o meu. De repente dei-me conta de que a minha vida mudou. Deu uma grande volta. Acho que ainda não tinha parado para pensar nisso. Os anos passaram e eu não tinha dado por isso. Olhei para o meu quarto. Para as fotografias e elas mostraram-me como mudei. Eu e todas as pessoas que fazem parte do meu quarto, do meus placares, das minhas paredes. De mim. Já não parecemos os mesmos. Mas será que continuamos a ser quem éramos? Não sei. Há pessoas que continuam a seguir os meus passos, que continuam a partilhar o meu quarto, mas que já não fazem parte da minha vida. É estranho. Não sei porque é que as fotografias delas permanecem nos placares… Talvez porque sou uma pessoa que gosta de preservar o passado, nem que seja para o guardar dentro de uma pequena caixa… E observá-lo de longe… É verdade. Sempre tive dificuldade em desfazer-me das coisas. Das minhas coisas. Como se precisasse delas para seguir em frente. Continuo a ser assim. A minha vida é que mudou.

SEGUNDO, Maria Rita

Finalmente a cantora brasileira lança o seu novo albúm. "Segundo" acaba por ser um prolongamento da fantástica música a que a artista já nos habituou. Desta vez, numa perspectiva mais positiva da vida. Destaco os temas: Caminho das Águas, Ciranda do Mundo e Feliz.
Para quem não conhece, aqui fica um pouco do percurso de Maria Rita:
Tem um timbre perfeito, uma técnica irrepreensível e uma postura em palco que nos fazem recordar a diva brasileira. Maria Rita, filha de Elis Regina, descobriu a música cedo. Mas só aos 26 anos resolveu mostrar ao mundo a sua verdadeira vocação. Em 1999, deixou para trás o curso de Jornalismo, que estava a tirar nos Estados Unidos. Numa noite acordou assustada com a sensação de que tudo aquilo que estava a fazer não tinha sentido. A filha da Pimentinha resolveu, então, regressar ao seu país para cumprir o seu destino: ser cantora. Maria Rita Mariano demorou algum tempo a preparar o seu trabalho e sobretudo a preparar-se para enfrentar o público. Afinal, a tarefa não era fácil. A comparação entre Maria Rita e Elis Regina seria inevitável. Mas os brasileiros renderam-se logo aos encantos da artista. O CD lançado no final do ano passado, com o título Maria Rita, já é disco de platina. Há quem veja em Maria Rita a grandeza de Elis Regina. A diva brasileira deixou à filha entre muitas outras coisas, o modo dramático de cerrar os olhos nos tons agudos. Mas Maria Rita não se atreve a cantar temas interpretados pla mãe porque os considera obras-primas. Prefere ouvi-los para conhecer um percurso de vida que a deixou aos cinco anos de idade. Mais de 20 anos depois da morte de Elis, o Brasil lança uma voz que volta a preencher um espaço de culto na música. Mas Maria Rita é muito mais que filha de Elis Regina. É uma verdadeira força da natureza!