Um casamento, um baptizado ou uma simples festa de aniversário são sempre bons argumentos para nos sentarmos à mesa com os amigos. E quando chega a altura de escolher o menu há sempre uma opção que agrada a todos: o famoso buffet!
É uma autêntica maratona! Cinco minutos depois de estar toda a gente sentada, os empregados dão o sinal de que os convidados se podem começar a servir. Saltam imediatamente das cadeiras e rasgam a pista de tartan, deslocando-se todos para a grande cascata de camarão. Primeira fila, primeiro engarrafamento! Com o prato na mão, eles vão rezando para que a sua vez chegue rapidamente e quando isso acontece, despejam energicamente o marisco e, não vá o diabo tecê-las, levam noutro pratinho mais meia dúzia de gambas.
Enquanto se ouve o alvoroço da corrida, do autêntico trânsito provocado pela gula, vê-se ao longe, no palco improvisado, um cantor que vai afinando o órgão. Minutos depois, começa a cantar aquele repertório- que de original tem pouco- e vai gritando umas notas que se perdem na multidão. Ninguém dá por a presença daquela estrela. Até podia ser a Madonna que ninguém a teria visto!
Mas isto de ir a um buffet tem muito que se lhe diga. Existe, de facto, uma filosofia desta arte que consiste exactamente em comer o máximo no mínimo de tempo. E a verdade é que existem verdadeiros profissionais dos buffets. Alguns até têm mestrado. Quando chega a altura de ir à mesa das sobremesas não há cá cerimónias! Como a tarte de morangos não sobrevive àquela gente toda o melhor mesmo é jogar pelo seguro. Leva-se a delícia encarnada, repleta de chantili, para a mesa. Inteirinha, que é melhor!
Depois dos digestivos, começamos a ver várias pessoas a deslocarem-se, amareladas, pálidas, até à casa de banho. Nem dá para acreditar: mais outro engarrafamento! Quando regressam às mesas há uma coisa que sobressai e que lhes é comum: o botão das calças ou da saia já não está aprisionado na casa. Ele agora pode mover-se e a braguilha também! Cuidado! Mas como ainda há muita coisa apetecível nas mesas e como no estômago sempre se arranja um espacinho e- se não se arranjar toma-se um kompensan- lá seguem todos novamente com os pratos na mão, atropelando-se, para as intermináveis filas, com o mesmo entusiasmo do início da festa.
Quando a hora da despedida se aproxima, muitas lágrimas vão caindo. Dá-se a última volta à pista, a de honra. Olha-se pela última vez para as mesas- que agora estão mais vazias e silenciosas- e pergunta-se ao empregado se não há caixinhas para levar os restos. Isso se eles não as tiverem já levado de casa!
Com tanto pecado mortal só nos resta mesmo dizer: bom apetite!
18 novembro, 2005
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1 comentário:
Gostei!Acho que devias escrever mais destes!!!
Já a Márcia tinha razão: tu ainda vais ser uma escritora famosa! Cheira-me!
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