18 novembro, 2005






Um Buffet : Várias mesas corridas, redondas, floridas, gigantescas, de braços abertos para aqueles que literalmente têm mais olhos que barriga. Ou talvez não!

Um casamento, um baptizado ou uma simples festa de aniversário são sempre bons argumentos para nos sentarmos à mesa com os amigos. E quando chega a altura de escolher o menu há sempre uma opção que agrada a todos: o famoso buffet!
É uma autêntica maratona! Cinco minutos depois de estar toda a gente sentada, os empregados dão o sinal de que os convidados se podem começar a servir. Saltam imediatamente das cadeiras e rasgam a pista de tartan, deslocando-se todos para a grande cascata de camarão. Primeira fila, primeiro engarrafamento! Com o prato na mão, eles vão rezando para que a sua vez chegue rapidamente e quando isso acontece, despejam energicamente o marisco e, não vá o diabo tecê-las, levam noutro pratinho mais meia dúzia de gambas.
Enquanto se ouve o alvoroço da corrida, do autêntico trânsito provocado pela gula, vê-se ao longe, no palco improvisado, um cantor que vai afinando o órgão. Minutos depois, começa a cantar aquele repertório- que de original tem pouco- e vai gritando umas notas que se perdem na multidão. Ninguém dá por a presença daquela estrela. Até podia ser a Madonna que ninguém a teria visto!
Mas isto de ir a um buffet tem muito que se lhe diga. Existe, de facto, uma filosofia desta arte que consiste exactamente em comer o máximo no mínimo de tempo. E a verdade é que existem verdadeiros profissionais dos buffets. Alguns até têm mestrado. Quando chega a altura de ir à mesa das sobremesas não há cá cerimónias! Como a tarte de morangos não sobrevive àquela gente toda o melhor mesmo é jogar pelo seguro. Leva-se a delícia encarnada, repleta de chantili, para a mesa. Inteirinha, que é melhor!
Depois dos digestivos, começamos a ver várias pessoas a deslocarem-se, amareladas, pálidas, até à casa de banho. Nem dá para acreditar: mais outro engarrafamento! Quando regressam às mesas há uma coisa que sobressai e que lhes é comum: o botão das calças ou da saia já não está aprisionado na casa. Ele agora pode mover-se e a braguilha também! Cuidado! Mas como ainda há muita coisa apetecível nas mesas e como no estômago sempre se arranja um espacinho e- se não se arranjar toma-se um kompensan- lá seguem todos novamente com os pratos na mão, atropelando-se, para as intermináveis filas, com o mesmo entusiasmo do início da festa.
Quando a hora da despedida se aproxima, muitas lágrimas vão caindo. Dá-se a última volta à pista, a de honra. Olha-se pela última vez para as mesas- que agora estão mais vazias e silenciosas- e pergunta-se ao empregado se não há caixinhas para levar os restos. Isso se eles não as tiverem já levado de casa!
Com tanto pecado mortal só nos resta mesmo dizer: bom apetite!


1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei!Acho que devias escrever mais destes!!!
Já a Márcia tinha razão: tu ainda vais ser uma escritora famosa! Cheira-me!