29 junho, 2006
Para a Andreia,
"Uma pessoa despede-se de alguém, vai para casa, encontra-se com amigos mas a pessoa de quem nos despedimos continua connosco. Prolonga-se. Permanece. Tanto que não se sente a falta dela. (...) Não há nada para lembrar porque tudo continua por resolver, por continuar, e daí que não haja tristeza mas uma espécie suspensa de alegria, que paira como um perfume que não cheira a nada. Nem a mofo nem a futuro, como o ar que se respira, sem nos darmos conta de respirá-lo. Horas, dias, semanas. Foi tudo há bocadinho. Tudo continua como estava. Ainda está. Despedimo-nos sem uma despedida. Afastamo-nos sem sair do mesmo sítio onde nos encontrámos. É assim o amor. Nunca está longe. Tem tantas coisas atravessadas que não se pode arrumar. Não cabe no tempo. O coração entorna-o. Não há nada em redor. Estamos cheios de quem amamos. A pessoa continua em nós. "
Miguel Esteves Cardoso, In Explicações de Português
DÓI MENOS ASSIM
Está quase a chegar. O dia vem devagarinho, numa dança lenta, calma. Dói menos assim. Aconchega mais o coração. Mas ela vai-se mesmo embora. Já está a ir... Aos poucos. Dói menos assim. Acho que estou preparada... Mas vai fazer-me tanta falta. Não, não vai para o outro lado do mundo. Fica bem pertinho. Junto a nós. Mas dói na mesma. Uma dor egoísta, sem dúvida. Uma dor sem razão. Vai porque quer, porque tem de ser. Porque a vida é assim. Fica um certo vazio. Um silêncio por preencher. Sei que vai para nunca mais voltar. Nunca mais vamos viver juntas... Partilhar as mesmas paredes, o mesmo tecto, as mesmas horas. A minha casa vai deixar de ser a dela. Mas não a deixo partir nem da minha vida. Nem do meu coração. Ela faz parte de mim. Tem morada fixa. Para sempre. Vai feliz. E eu fico feliz por ela. Dói menos assim.
25 junho, 2006
21 junho, 2006
"Sente as boas vibrações do que fazes, do que fazes..."
Há algum que não falo do que ando a fazer. O segredo é o êxito do nosso tipo de trabalho. E assim tem de permanecer! Mas aquilo que posso adiantar é que estou muito feliz. Gosto muito do projecto, identifico-me com ele, e acho que o resultado final vai ser surpreendente. Por enquanto estou a trabalhar em casa e, ao contrário do que pensava, está a ser fantástico porque consigo organizar muito melhor o meu tempo. Mas isso vai mudar e deve ser brevemente. Muito brevemente... Também não me vai custar! "Correr por gosto não cansa!".
A nossa dupla está a funcionar em pleno. Gosto de trabalhar com a Mafalda. Estamos quase sempre em sintonia. E quando não estamos percebemos rapidamente quem tem razão. Isso é bom!
Estou bem. Estou feliz.
18 junho, 2006
17 junho, 2006
15 junho, 2006
Fado do encontro
Vou andando
Cantando
Tenho o sol à minha frente
Tão quente, brilhante
Sinto o fogo à flor da pele
Tão quente, beijando
Como se fosses tu
Ao longe
Ao longe
Distante
Fica o mar no horizonte
É nele, por certo
Onde a tua alma se esconde
Carente, esperando
Esse mar és tu
Pode a noite ter outra cor
Pode a noite ter outra cor
E o vento ser mais frio
Pode a lua subir no céu
Eu já vou descendo o rio...
Na foz
Na foz
Revolta
Fecho os olhos, penso em ti
Tão perto
Que desperto
Há uma alma à minha frente
Tão quente, beijando
Por certo que és tu
Pode a lua subir no céu
Pode a lua subir no céu
E as nuvens a noite toldar
Pode o escuro ser como breu
Acabei por
T'encontrar
Vou andando
Vou andando
Cantando
Tive o sol à minha frente
Tão quente, brilhando
Que a saudade me deixou
Para sempre.
Por certo
O meu Amor és tu.
(Tim e Marisa)
13 junho, 2006
Tenho amado ler o Miguel...
AMAR
"O amor começa pelo amor. É o céu. O céu foi criado primeiro. A paixão é um impulso físico, matrial, mensurável, explicável por todas as ciências da atracção. É o mar. O mar está mais perto de nós. Podemos chegar ao fundo dele. A diferença entre o amor e a paixão é como a diferença entre a cosmologia e a oceanografia. O mar tem fim, tem peso, tem vida. O céu não tem limite. O céu é dos astrónomos e dos poetas, que sabem que hão-de morrer sem percebê-lo. O mar é dos cientistas e observadores, que podem passar a vida dentro dele, sabendo que é finito e perceptível. O céu, como o amor, tem Deus acima dele. O mar, como a paixão, tem o Homem lá dentro. Compare-se o efeito que os anjos têm sobre nós. com o que têm as sereias e perceber-se-á a distância entre a religião e a mitologia. A religião é uma coisa de Deus, do amor - a mitologia é uma coisa de pessoas-feitas-deuses, de paixão.
Como coincidem tantas vezes amor e paixão, é preciso isolá-los para não ocnfundi-los. (...) No amor preexiste o "ele". Não se trata de com pará-los, mas de isolá-los. São interessantes as misturas de elementos, de oxigénio, fogo e dinamite e é bom vivê-las e deixarmo-nos levar pelas explosões, mas continuam a ser em tudo distintos, em tudo incomparáveis. Não é uma questão de tempo - um amor pode acabar e uma paixão durar a vida inteira. Nem de intensidade - um amor pode ser loucado e uma paixão tranquila. É uma questão de natureza. Enquanto a paixão, tal como todas as atracções pelo exterior, começa por nós, o amor, que é o único sentimento interior, começa pela outra pessoa, nela reside e nela vive até morrer.
No fundo, o amor tem pouco a ver com a presença, com a convivência, com o tempo e as experiências por que passa.Quantas vezes acontece amar alguém sem suportar estar ao pé dela? Não é só na família. A familiaridade pode até atrapalhar o amor. A vida mete-se à frente da nossa alma e não a deixa respirar. É quando se está sozinho e longe que o amor se deixa ver mais claramente. (...) Mas se a vida serve para alguma coisa, que não seja apenas viver, é para amar. O amor é um dom porque, fazendo-nos sentir pequeninos e dependentes, afasta-nos de nós próprios e do mundo e aproxima-se da nossa alma, no que tem de bom, de razão para viver, da razão de Deus."
Miguel Esteves Cardoso, in Explicações de Português
12 junho, 2006
19h45. Cais do Sodré. Mal avisto a estação deparo-me com uma fila gigantesca de carros, vindos de todos os sentidos. Polícias de trânsito que tentam organizar aquilo que não era possível: o estacionamento dos carros. A Sara, que é uma grande amiga minha, e que leva tudo para a risota, lembra-se de começar a cantar uma marcha. A Luz, que está sentada no lugar de trás, tem vontade de nos acompanhar mas não sabe bem a letra. O pior é que nós também não passamos do refrão. Mas fazemo-nos ouvir: abrimos as janelas e cantamos bem alto.
Só perto da Feira da Ladra é que conseguimos estacionar. Mesmo em cima da passadeira. Aproxima-se um arrumador, com um sorriso amável e um olhar terno: “não se preocupem que hoje não há problema”. Mais de quarenta minutos à espera da Maria, das suas irmãs e de umas amigas. Finalmente chegam.
Descemos a calçada de S. Vicente e a fome começa a apertar. Olho para um lado e vejo mesas espalhadas por todos os cantos, postas à pressa. De cada prédio nascem fogareiros improvisados, empregados improvisados, restaurantes improvisados. Mas gosto daquela agitação. Gosto de ver as pessoas pacientemente à espera de um lugar para jantar. Só porque é uma noite diferente de todas as outras. E dos turistas deslumbrados a olhar ao seu redor com uma expressão de estranheza e de entusiasmo. Meto-me na fila. “Vai demorar”, diz a senhora, desorientada, enquanto corta um chouriço. A fila vai crescendo e a senhora não dá conta do recado. Mais meia hora a vermos travessas de sardinhas a passarem-nos pelo nosso nariz. Chega a Sara com copos de sangria. Está doce e fresca! Quarenta e cinco minutos a mais e a nossa paciência começa a chegar ao limite. Mas continuo encantada com o ambiente que nos envolve. A música marca o tempo a passar e a senhora lá se resolve a atender-nos. Milagre de Santo António! Um prato com duas sardinhas enfiadas em duas carcaças. Olho para um lado, olho para o outro e as mesas estão todas ocupadas. Lá ao fundo, a Sara começa a acenar. Encontra um lugar improvisado, como tudo naquele santo dia. Lá nos instalamos, mesmo por baixo de uns andaimes de um prédio que está a ser remodelado. A iluminação não é a melhor mas temos uma espécie de banco corrido onde nos podemos sentar comodamente e um caixote do lixo pronto para receber as espinhas - que não são poucas! Sento-me ali e delicio-me com a paisagem e com as sardinhas. Pessoas à janela que espreitam a sua rua, que nesta noite é mais dos outros do que delas. Sinto-me portuguesa, sinto-me lisboeta e tenho orgulho disso. Despejadas as espinhas começamos a seguir a multidão. Caminhamos sem destino atrás de desconhecidos, atrás da música que vai variando de rua para rua. Fico desiludida com o som que sai de cada aparelhagem. A música popular portuguesa foi substituída por brasileira. E dos bailaricos de que tantas vezes me falaram nem sinais!
Subimos mais uma calçada. É um caminho íngreme que nos leva até ao castelo. A folia continua. É impossível ficar indiferente a tanta agitação, a tanto divertimento. Paramos aqui mesmo em frente à roulote dos churros para dançar. Cruzo-me com conversas paralelas. Falo com desconhecidos. Nem sei bem de quê e isso não me interessa porque o que nos aproxima é aquela folia, aquele entusiasmo que somos quase obrigados a sentir. Olho para trás e há um olhar que me prende e que me faz estremecer. Penso como é que é possível no meio de tanta gente encontrá-lo. Mas ao mesmo tempo reconheço que mesmo antes de ir para Lisboa tinha pensado nessa possibilidade. Que à partida era remota… Ele aproxima-se de mim. Sorri. Estou desconfortável e ele também. Olho para ele e recordo aquela noite, o momento em que nos conhecemos. Lembro-me da estranha coincidência, que só descobri quando voltei para casa… Como é que nunca nos cruzámos antes? Ele pergunta-me se estou bem. Respondo que sim de imediato. Não quero que ele perceba o meu constrangimento. É nestas alturas que fico contente por a nossa alma ser opaca. As palavras chave já foram ditas. E agora? De que é que falamos? Olho novamente para ele e lembro-me daquela noite em que não lhe liguei nenhuma. Mas um mês depois tudo tinha mudado. Olho nos teu olhos e vejo que queres dizer tantas coisas mas não consegues e eu também não. Falamos de temas que não interessam naquele momento como o trabalho e a faculdade numa tentativa de camuflar as emoções. Temos tanto para dizer um ao outro mas não dizemos. Porque me apetece provar novamente o doce da tua boca. Porque me apetece dar-te um abraço bem apertado. Perder-me no teu olhar, nas tuas histórias, no teu sorriso. Que saudades. Mais uma vez as linhas das nossas vidas se cruzam. Mais uma vez estranhamente. A Sara puxa-me: “vamos andando!”. Olho para ti. Dou-te um beijo na cara, à pressa. Sorris e segredas-me ao ouvido: “ Gostei muito de te ver”. Uma frase incompleta a que eu não pude responder. Vou caminhando, olhando para trás, mas já não te vejo. Desapareces no meio da multidão. Sinto-me mal. Queria ter-lhe dito tanta coisa mas o orgulho impediu-me de o fazer. Acho que nunca amei verdadeiramente ninguém mas por ti sinto qualquer coisa que nunca senti por ninguém. Uma coisa forte que me aperta o peito, que me torna diferente daquilo que eu sou. Sinto a tua falta. Olho mais uma vez. Não te encontro. Fico triste.
Perco-me agora nos passos de dança porque já não há espaço para soltar o corpo. Somos empurradas para outra rua. Começa a ficar asfixiante andar por ali. Há gente estranha que quer estragar uma festa que é de todos. É lançada uma garrafa de cerveja na multidão. Felizmente que não acerta em ninguém. É triste e as ruas estão a ficar cada vez mais pequenas.
Percorremos quilómetros sem ter noção disso. Aqui, as distâncias parecem tão insignificantes. Começo a ouvir ambulâncias. O ambiente festivo começa a dar lugar a uma certa confusão. Isso incomoda-me. A mim e às outras. Olhamos para o relógio. Solto um bocejo. Chegou o momento de subirmos a calçada de S. Vicente e caminhar até à Feira da Ladra. As pernas começam a pesar mas falta pouco para chegar ao estacionamento. Há menos gente para aqueles lados e eu começo a sentir um vazio. Procuro reconforto na lua, não sei porquê mas o luar transmite-me sempre paz. Vislumbro o Panteão Nacional, que parece mais bonito e mais imponente à noite. Entramos no carro. Olho através da janela. A cidade de Lisboa vai ficando para trás. O som da música vai diminuindo, as cores das bandeirinhas que se tentam equilibrar nas cordas vão ficando esbatidas, a multidão transforma-se me formiguinhas. A única coisa que permanece da noite é cheiro a sardinha assada, que fica entranhado na nossa pele e nas nossas narinas. E as saudades dele. Fecho os olhos e adormeço.
Só perto da Feira da Ladra é que conseguimos estacionar. Mesmo em cima da passadeira. Aproxima-se um arrumador, com um sorriso amável e um olhar terno: “não se preocupem que hoje não há problema”. Mais de quarenta minutos à espera da Maria, das suas irmãs e de umas amigas. Finalmente chegam.
Descemos a calçada de S. Vicente e a fome começa a apertar. Olho para um lado e vejo mesas espalhadas por todos os cantos, postas à pressa. De cada prédio nascem fogareiros improvisados, empregados improvisados, restaurantes improvisados. Mas gosto daquela agitação. Gosto de ver as pessoas pacientemente à espera de um lugar para jantar. Só porque é uma noite diferente de todas as outras. E dos turistas deslumbrados a olhar ao seu redor com uma expressão de estranheza e de entusiasmo. Meto-me na fila. “Vai demorar”, diz a senhora, desorientada, enquanto corta um chouriço. A fila vai crescendo e a senhora não dá conta do recado. Mais meia hora a vermos travessas de sardinhas a passarem-nos pelo nosso nariz. Chega a Sara com copos de sangria. Está doce e fresca! Quarenta e cinco minutos a mais e a nossa paciência começa a chegar ao limite. Mas continuo encantada com o ambiente que nos envolve. A música marca o tempo a passar e a senhora lá se resolve a atender-nos. Milagre de Santo António! Um prato com duas sardinhas enfiadas em duas carcaças. Olho para um lado, olho para o outro e as mesas estão todas ocupadas. Lá ao fundo, a Sara começa a acenar. Encontra um lugar improvisado, como tudo naquele santo dia. Lá nos instalamos, mesmo por baixo de uns andaimes de um prédio que está a ser remodelado. A iluminação não é a melhor mas temos uma espécie de banco corrido onde nos podemos sentar comodamente e um caixote do lixo pronto para receber as espinhas - que não são poucas! Sento-me ali e delicio-me com a paisagem e com as sardinhas. Pessoas à janela que espreitam a sua rua, que nesta noite é mais dos outros do que delas. Sinto-me portuguesa, sinto-me lisboeta e tenho orgulho disso. Despejadas as espinhas começamos a seguir a multidão. Caminhamos sem destino atrás de desconhecidos, atrás da música que vai variando de rua para rua. Fico desiludida com o som que sai de cada aparelhagem. A música popular portuguesa foi substituída por brasileira. E dos bailaricos de que tantas vezes me falaram nem sinais!
Subimos mais uma calçada. É um caminho íngreme que nos leva até ao castelo. A folia continua. É impossível ficar indiferente a tanta agitação, a tanto divertimento. Paramos aqui mesmo em frente à roulote dos churros para dançar. Cruzo-me com conversas paralelas. Falo com desconhecidos. Nem sei bem de quê e isso não me interessa porque o que nos aproxima é aquela folia, aquele entusiasmo que somos quase obrigados a sentir. Olho para trás e há um olhar que me prende e que me faz estremecer. Penso como é que é possível no meio de tanta gente encontrá-lo. Mas ao mesmo tempo reconheço que mesmo antes de ir para Lisboa tinha pensado nessa possibilidade. Que à partida era remota… Ele aproxima-se de mim. Sorri. Estou desconfortável e ele também. Olho para ele e recordo aquela noite, o momento em que nos conhecemos. Lembro-me da estranha coincidência, que só descobri quando voltei para casa… Como é que nunca nos cruzámos antes? Ele pergunta-me se estou bem. Respondo que sim de imediato. Não quero que ele perceba o meu constrangimento. É nestas alturas que fico contente por a nossa alma ser opaca. As palavras chave já foram ditas. E agora? De que é que falamos? Olho novamente para ele e lembro-me daquela noite em que não lhe liguei nenhuma. Mas um mês depois tudo tinha mudado. Olho nos teu olhos e vejo que queres dizer tantas coisas mas não consegues e eu também não. Falamos de temas que não interessam naquele momento como o trabalho e a faculdade numa tentativa de camuflar as emoções. Temos tanto para dizer um ao outro mas não dizemos. Porque me apetece provar novamente o doce da tua boca. Porque me apetece dar-te um abraço bem apertado. Perder-me no teu olhar, nas tuas histórias, no teu sorriso. Que saudades. Mais uma vez as linhas das nossas vidas se cruzam. Mais uma vez estranhamente. A Sara puxa-me: “vamos andando!”. Olho para ti. Dou-te um beijo na cara, à pressa. Sorris e segredas-me ao ouvido: “ Gostei muito de te ver”. Uma frase incompleta a que eu não pude responder. Vou caminhando, olhando para trás, mas já não te vejo. Desapareces no meio da multidão. Sinto-me mal. Queria ter-lhe dito tanta coisa mas o orgulho impediu-me de o fazer. Acho que nunca amei verdadeiramente ninguém mas por ti sinto qualquer coisa que nunca senti por ninguém. Uma coisa forte que me aperta o peito, que me torna diferente daquilo que eu sou. Sinto a tua falta. Olho mais uma vez. Não te encontro. Fico triste.
Perco-me agora nos passos de dança porque já não há espaço para soltar o corpo. Somos empurradas para outra rua. Começa a ficar asfixiante andar por ali. Há gente estranha que quer estragar uma festa que é de todos. É lançada uma garrafa de cerveja na multidão. Felizmente que não acerta em ninguém. É triste e as ruas estão a ficar cada vez mais pequenas.
Percorremos quilómetros sem ter noção disso. Aqui, as distâncias parecem tão insignificantes. Começo a ouvir ambulâncias. O ambiente festivo começa a dar lugar a uma certa confusão. Isso incomoda-me. A mim e às outras. Olhamos para o relógio. Solto um bocejo. Chegou o momento de subirmos a calçada de S. Vicente e caminhar até à Feira da Ladra. As pernas começam a pesar mas falta pouco para chegar ao estacionamento. Há menos gente para aqueles lados e eu começo a sentir um vazio. Procuro reconforto na lua, não sei porquê mas o luar transmite-me sempre paz. Vislumbro o Panteão Nacional, que parece mais bonito e mais imponente à noite. Entramos no carro. Olho através da janela. A cidade de Lisboa vai ficando para trás. O som da música vai diminuindo, as cores das bandeirinhas que se tentam equilibrar nas cordas vão ficando esbatidas, a multidão transforma-se me formiguinhas. A única coisa que permanece da noite é cheiro a sardinha assada, que fica entranhado na nossa pele e nas nossas narinas. E as saudades dele. Fecho os olhos e adormeço.
"Os amigos não se perdoam nem julgam. Têm-se ou não se têm. Falam. Gozam.
Riem. AS diferenças entre eles unem-nos, ocupam-nos, divertem-nos - a única
igualdade necessária, a de serem amigos, já existe. Gostam de estar juntos,
mesmo quando nunca estão. As saudades são tão felizes como os momentos em que
estiveram. (...) A amizade é a única anarquia do mundo. Vive-se e mais nada."(Miguel Esteves Cardoso, in Explicações de Português)
09 junho, 2006
01 junho, 2006
DIA MUNDIAL DA CRIANÇA
Gostava que este dia fosse de reflexão...
PRINCÍPIO 1º
PRINCÍPIO 2º
PRINCÍPIO 4º
PRINCÍPIO 5º
PRINCÍPIO 6º
PRINCÍPIO 7º
PRINCÍPIO 8º
PRINCÍPIO 9º
PRINCÍPIO 10º
Gostava que este dia fosse de reflexão...
Declaração dos Direitos da Criança adoptada pela Assembleia das Nações Unidas de 20 de Novembro de 1959
PRINCÍPIO 1º
A criança gozará todos os direitos enunciados nesta Declaração. Todas as crianças, absolutamente sem qualquer exceção, serão credoras destes direitos, sem distinção ou discriminação por motivo de de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família.
PRINCÍPIO 2º
A criança gozará proteção social e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidade e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade. Na instituição das leis visando este objetivo levar-se-ão em conta sobretudo, os melhores interesses da criança.
PRINCÍPIO 3º
Desde o nascimento, toda criança terá direito a um nome e a uma nacionalidade.
PRINCÍPIO 4º
A criança gozará os benefícios da previdência social. Terá direito a crescer e criar-se com saúde; para isto, tanto à criança como à mãe, serão proporcionados cuidados e proteção especiais, inclusive adequados cuidados pré e pós-natais. A criança terá direito a alimentação, recreação e assistência médica adequadas.
PRINCÍPIO 5º
À criança incapacitada física, mental ou socialmente serão proporcionados o tratamento, a educação e os cuidados especiais exigidos pela sua condição peculiar.
PRINCÍPIO 6º
Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança precisa de amor e compreensão. Criar-se-à, sempre que possível, aos cuidados e sob a responsabilidade dos pais e, em qualquer hipótese, num ambiente de afeto e de segurança moral e material, salvo circunstâncias excepcionais, a criança da tenra idade não será apartada da mãe. À sociedade e às autoridades públicas caberá a obrigação de propiciar cuidados especiais às crianças sem família e aquelas que carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas.
PRINCÍPIO 7º
A criança terá direito a receber educação, que será gratuita e compulsória pelo menos no grau primário.Ser-lhe-á propiciada uma educação capaz de promover a sua cultura geral e capacitá-la a, em condições de iguais oportunidades, desenvolver as suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-se um membro útil da sociedade.Os melhores interesses da criança serão a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais.A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito.
PRINCÍPIO 8º
A criança figurará, em quaisquer circunstâncias, entre os primeiros a receber proteção e socorro.
PRINCÍPIO 9º
A criança gozará proteção contra quaisquer formas de negligência, crueldade e exploração. Não será jamais objeto de tráfico, sob qualquer forma.Não será permitido à criança empregar-se antes da idade mínima conveniente; de nenhuma forma será levada a ou ser-lhe-á permitido empenhar-se em qualquer ocupação ou emprego que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu desenvolvimento físico, mental ou moral.
PRINCÍPIO 10º
A criança gozará proteção contra actos que possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Criar-se-á num ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de fraternidade universal e em plena consciência que seu esforço e aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes.
Joyeux Anniversaire Petit Prince!!!
O "nosso" Principezinho está de parabéns!!! A maravilhosa obra de Antóine Saint-Exupéry nasceu há precisamente 60 anos atrás. Um livro que observa o que de mais bonito e mais profundo há na amizade. Um livro que nos emociona e que nos transporta para um universo mágico, capaz de nos fazer acreditar que em cada um de nós há sempre uma criança.
Uma óptima sugestão para o Dia Mundial da Criança!
"Tu seras pour moi unique au monde. Je
serai pour toi unique ao monde..."
http://www.lepetitprince.com/fr/
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