29 junho, 2006

Para a Andreia,
"Uma pessoa despede-se de alguém, vai para casa, encontra-se com amigos mas a pessoa de quem nos despedimos continua connosco. Prolonga-se. Permanece. Tanto que não se sente a falta dela. (...) Não há nada para lembrar porque tudo continua por resolver, por continuar, e daí que não haja tristeza mas uma espécie suspensa de alegria, que paira como um perfume que não cheira a nada. Nem a mofo nem a futuro, como o ar que se respira, sem nos darmos conta de respirá-lo. Horas, dias, semanas. Foi tudo há bocadinho. Tudo continua como estava. Ainda está. Despedimo-nos sem uma despedida. Afastamo-nos sem sair do mesmo sítio onde nos encontrámos. É assim o amor. Nunca está longe. Tem tantas coisas atravessadas que não se pode arrumar. Não cabe no tempo. O coração entorna-o. Não há nada em redor. Estamos cheios de quem amamos. A pessoa continua em nós. "
Miguel Esteves Cardoso, In Explicações de Português

1 comentário:

janeca disse...

que bom que é ler o teu blog, cata.