Na semana passada voltei à minha escola secundária mas desta vez na condição de oradora de uma aula de escrita criativa. Já saí de lá há treze anos. Revi professores que me marcaram imenso. Sobretudo a minha professora de português do 8º e do 12º ano.
No ano passado já tinha ido e este ano repetiram o convite e eu, claro, aceitei. É sempre um prazer falar daquilo que se faz com prazer. Desta vez levei uma colega e amiga e os alunos adoraram, tal como no ano passado. Apesar de a maioria deles ser de ciências, os alunos mostraram-se sempre muito interessados e houve uma grande interacção entre nós e a plateia.
Antes odiava falar em público, tremia por todos os lados cada vez que tinha de ir apresentar um trabalho na faculdade. Hoje em dia já não me faz muita confusão e se for para falar de uma das coisas que mais gosto de fazer na vida, melhor ainda! Adoro falar do meu trabalho e de explicar como é que as coisas se processam. Mas sinceramente acho que nem toda a gente pode ser argumentista. Nem é uma profissão que se possa aprender. Ou temos essa capacidade criativa de conceber histórias e de entrar na cabeça das personagens ou está tudo estragado. Já tive vários colegas que experimentaram e que até se esforçaram. Sabiam aplicar a técnica mas não passavam disso. Simplesmente nunca vão ser argumentistas. Não têm ginástica mental para se colocarem de parte e entrarem na cabeça das personagens. Acho que é uma profissão em que se evolui e se aprende bastante - sem sombra de dúvidas. Mas ou a pessoa tem esse dom ou simplesmente não tem. E aí não há nada a fazer. Prende-se com a sensibilidade, com o espiríto observador, com a capacidade de olhar à volta, com a curiosidade, com a pesquisa e, claro, com a criatividade. Ah, e quando se escreve para televisão é fundamental ser rápido e eficaz uma vez que os prazos são sempre apertados.
Lembro-me de um professor que tive na faculdade, leccionava a cadeira de atelier de jornalismo e trabalhava no Público, que um dia me disse: "A Catarina tem veia de repórter. E isso é uma coisa com a qual se nasce. Ou se tem ou não se tem. Não dá para aprender a ser repórter". Acho que tem tudo a ver com a capacidade de ver as coisas, de as analisar ao pormenor. E talvez seja essa mesma sensibilidade com que escrevia as reportagens literárias (que tanto adorava) que me ajuda a fazer o meu trabalho, a desenvolver histórias e personagens.
Depois da aula na minha antiga escola, fiquei com a sensação de que podia fazer isto mais vezes. Ia gostar!
2 comentários:
Olha, gostava de ter ido!:-)
E eu gostava de te ter tido por lá! Beijinhos grandes
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