03 novembro, 2007


FÉRIAS EM ARRAIAL - QUE LEGAL!


Ontem cheguei a Lisboa vinda de uma semana de férias inesquecíveis. Foram apenas sete dias mas tiveram tanta qualidade que, apesar de ter sabido a pouco, consegui vivê-los intensamente e aproveitá-los ao máximo. Estava a precisar de desligar do trabalho e da rotina e... CONSEGUI!

Mais uma vez a minha amiga Vanessa mostrou ser uma excelente compincha de viagens. Temos ritmos parecidos por isso é que as trips correm sempre tão bem.

Arraial d'Ajuda é um pequeno paraíso do outro lado do oceano Atlântico, no sul da Bahía. É um sítio calmo, charmoso, onde as pessoas vivem o dia a dia de uma forma tranquila, sempre com um sorriso nos lábios. Tive a sorte de ficar instalada na Pousada Canto d'Alvorada, mesmo em cima da praia de Araçaípe. A pousada é um lugar relaxante, rústico, com uma localização fantástica. A praia é óptima e os transportes para ir para o centro de Arraial ou para Porto Seguro param todos mesmo à frente da pousada. As pessoas que trabalham lá são de uma simpatia e generosidade impressionantes. A Mira, sempre com um sorriso pronto a oferecer e a dar umas dicas para tornar ainda melhores os nossos dias; a Cristina, também uma "flor" de pessoa, com um sorriso contagiante, que adora fazer bijuteria. A Nei, que durante os pequenos-almoços e no bar da praia, tudo fazia para que as pessoas se sentissem em casa. A querida Nona, uma "avó" italiana, que vai arranhando um português para se fazer entender. Mas o olhar ternurento daquela senhora espelha ao longe a sua doce personalidade. A Nona é a mãe da proprietária da pousada e sempre que pode vai dar uma ajudinha à filha. Também não me vou esquecer do pessoal do bar de praia, do Carlos do restaurante, e de toda as pessoas que trabalham arduamente para que aquela pousada seja a nossa casa enquanto lá estamos.

O pequeno-almoço é divinal: sucos naturais (nada de gelo), batido de morango, leite, café, os mais variados chás, cereais, ovos mexidos, frutas doces e suculentas, o viciante pão de queijo, servido bem quentinho, o pão fresco, as rabanadinhas, os bolos caseiros- de coco (o meu favorito), o formiga, o de abacaxi, o de chocolate, o de banana, o de maracujá, o de laranja, o de milho... (A minha sorte foi ter andado sempre muito durante o dia para compensar as facadinhas no doutor Póvoas).

Na praia, o Jô era o rei do biquini bordado e a Flávia a rainha do biquini fashion! Ele era uma autêntica personagem! Simples, humilde, com uma história de vida fantástica. Ele é mesmo o verdadeiro fura-vidas! Também uma simpatia, para variar naquele sítio paradisíaco! O jeremias é um menino lindo, que quer ser advogado quando for grande- Foi com um olhar tímido que nos pediu para lhe deixarmos os produtos de higiene quando nos fôssemos embora. Claro que eu e a Vanessa metemos num saco tudo aquilo que podíamos para ele partilhar com o Jorge, outro menino da praia. O Jorge vende pulseiras e fios e já sabe tudo sobre bons negócios. Trabalha de manhã na praia e à tarde vai para a escola, em Porto Seguro. Impressionou-me a sua inteligência e a sua maturidade. Parece que ali as crianças são obrigadas a crescer à força.

Arraial é um lugar especial, que atrai uma grande comunidade hippie, sobretudo de artistas. Pessoas de todo o mundo encontram em naquela vila uma enorme paz de espírito. Muitas delas são viajantes, que atravessam rios e oceanos, vivendo daquilo que fazem com o material que vão encontrando pelo caminho. O Marcelo anda há quatro anos a viajar pela América do Sul e tenciona vir para a Europa. Vende brincos, colares e pulseiras, feitas de pedras ou sementes. Foi o rapaz mais bonito (é muito exótico) que vi em Terras de Vera Cruz. Comprei-lhe uns brincos feitos de sementes, que acabei por dar à minha irmã.

Os guias Andrés e Roberto, da operadora Paraíso, também foram um apoio fundamental durante a nossa estadia. São extremamente simpáticos e atenciosos. O Roberto veio falar comigo e com a Vanessa porque ele e o Andrés estavam preocupados. Tinham a sensação de que nós não estávamos "enturmadas". Explicámos-lhe que a maioria do grupo era constituída por casais que, apesar de serem muito simpáticos, estavam em lua-de-mel (uns literalmente e outros no sentido prático). Não queríamos ser as penetras dos casais nem de um grupo que estava formado e que a maioria era de outra pousada. Além disso, tinha vontade de aproveitar estas férias ao máximo e não estava muito com o espírito de seguir a carneirada. Uma semana para fazer o que realmente me apetecesse foi um oásis no meio do deserto de um ano muito cansativo mas ao mesmo tempo muito gratificante. A verdade é que tanto eu como a Vanessa conhecemos pessoas fantásticas que estavam na mesma pousada e com quem nos demos bastante bem: a Madalena e o Paulo e a Sandra e o Pedro. Os dois casais do Porto também eram muito castiços, fartei-me de rir com eles. Mais uma semana e tínhamos combinado mais saídas.

Gostei muito do trabalho dos guias e foi bom conhecer a Praia do Espelho, Trancoso, Itapiranga e a Praia do Rio da Barra com aqueles guias, que tão bem conhecem os lugares, e com o grupo. A praia do Espelho foi a mais bonita que vi até hoje. Uma praia selvagem, de águas quentes, rodeada por uma vegetação cerrada, que se perde no horizonte.

Trancoso é uma vila mágica, tem uma energia muito especial, que se sente quando se está lá. Tive de comprar umas pedrinhas, foi mais forte do que eu! Talvez por causa daquela energia contagiante.

Porto Seguro é uma cidade mais movimentada, cheia de comércio e com uma feira de artesanato muito engraçada. A Passarela do Álcool é um lugar a não perder, bem como a visita ao centro histórico da cidade, que conhecemos com a Sandra e o Pedro.

Adorei esta semana e dos sítios que já conheço do Brasil Arraial D'Ajuda foi aquele de que mais gostei. Desde as praias, passando pelo centro histórico (a praça da Igreja), pela Broduei, pelo Beco das Cores, e acabando na gastronomia (que saudades das sobremesas do Portinha, recomendo as queijadas de côco, os brigadeiros, o pudim de leite...) com a picanha do Buenos Aires, a Muqueca de Peixe do Paulo Pescador, a tábua mista do restaurante da pousada, o camarão na moranga, o Bobó de camarão, e acabando no Canto d' Alvorada e nas PESSOAS - que, para mim, são tão especiais como aquele lugar baíano. Quero voltar lá!



24 outubro, 2007

À minha Leonor,
Lembro-me perfeitamente do dia em que a vi pela primeira vez. Estava embrulhada numa mantinha de lã cor-de-rosa, da mesma cor da pele dela, carequinha, de olhos bem rasgados. Tinha um choro grave e franzia o pequenino nariz. Quando peguei nela ao colo foi uma sensação tão boa... Ela ali, quietinha, nos meus braços.
Hoje faz dois anos. Já corre, mexe em tudo, faz queixinhas num português preguiçoso, já gosta de calçar sapatos de mulher, de preferência de saltos altos. É alegre e muito simpática. É linda, linda, linda. Parece a Infanta Leonor, de Espanha. É uma autêntica boneca.
Cada vez que diz "Inha", fico completamente babada. : ))
É pestinha e adora meter-se com o irmão. Mas o que tem de provocadora também tem de meiguinha. Adoro-a.
Quando a minha prima me convidou para ser madrinha da Leonor fiquei radiante ao mesmo tempo senti um enorme orgulho da responsabilidade que me foi confiada.
Muitos parabéns à minha pequenina!

08 outubro, 2007

Foi com grande surpresa e muito agrado que recebi o convite do meu amigo Daniel para colaborar com um artigo/crónica na revista ACTUA, que está ligada à Câmara Municipal de Sines. Num mês de tantos casamentos resolvi escrever um hino, um tributo ao Amor.
Visitem o blogue, onde podem consultar a revista e onde podem ficar informados sobre a agenda e os projectos ligados à Juventude, promovidos pela câmara municipal.
Aqui fica o artigo:
O AMOR É PLURAL


O amor chega e sobra. Enche-nos e esvazia-nos. Ultrapassa-nos e faz recuarmos. O amor é mais que tudo. É uma força estranha que nos faz seguir em frente e que nos prende os passos. Preenche-nos e pode desfazer-nos em pedaços, apertar-nos em abraços.
O amor é plural. Sou eu e tu, somos nós. Eles e os outros.
Quem não ama não vive. Não pode viver… Nem mesmo sobreviver. O amor não pode ser indiferente, não tem meio-termo, não tem espaço para o “assim-assim” nem para o talvez. Quando se ama é de verdade. É tudo ou nada. É uma certeza, uma descontrolada certeza. O amor é incondicional. Não se questiona. Não se justifica. Não se testa. O amor existe porque está lá, porque nos persegue, amarra, sufoca, liberta.
Só se ama irracionalmente – o amor não pode ser pensado. Não obedece aos nossos pensamentos, às nossas vontades racionais. O amor é o cúmulo da emoção. É a chama que nos acende o coração, que ateia os nossos sentidos. Ele prova-nos. Ele toca-nos. Ele vê-nos. Ele cheira-nos, inspira-nos, expira-nos. Ele ouve-nos. Ele cala-nos e pode fazer-nos gritar. O amor consome. Consome-nos. Enlouquece-nos, magoa-nos, derruba-nos. Mas também nos aquece, nos fortalece, nos empurra para a felicidade. O amor é uma sombra, tem de ser.
O amor não se esgota. Pode desvanecer, pode transformar-se mas nunca acaba. É imortal e infinito. Corre nas nossas veias, está colado à pele, aos cabelos, ilumina e apaga o olhar. Aumenta e diminui a temperatura do corpo. Varia mas não acaba. Para mim a serenidade é o estado mais puro do amor. É paz. É sossego e aconchego. É sabedoria.
Viver é amar e deixar ser amado. É sinceridade, grandiosidade e generosidade. É entrega. O amor não se discute. Sente-se e consente-se. Não se planta nem se enterra. Tem de ser cuidado, acarinhado, alimentado… As palavras não lhe chegam.
O amor nasce antes mesmo de nascer.

05 outubro, 2007

LUTA CONTRA A SIDA.
"5 razões para não usar preservativo". O anúncio está IMPRESSIONANTE.

04 outubro, 2007

Gosto quando um ciclo se fecha e outro se
inicia.
CÓDIGO DA BABILÓNIA - A PACIFICADORA
Tenho o hábito de comprar a revista feminina Happy. Identifico-me com ela, normalmente traz artigos diferentes, práticos e interessantes. Desta vez chamou-me a atenção o teste do eneagrama, que tem raízes na antiga Babilónia. É um teste de personalidade, baseado em 36 questões cujas respostas vão atribuir o tipo de personalidade da pessoa que faz o teste (do tipo 1 ao tipo 9). Ao que parece o departamento de Recursos Humanos de várias multinacionais tem andado a apostar neste teste para recrutar pessoal.
Respondi às 36 perguntas e descobri que sou do tipo 9 - A Pacificadora. Ou seja:
"Harmonia e pacifismo são as principais características da mulher com personalidade tipo 9. Dignas de confiança e emocionalmente estáveis, são geralmente muito criativas, optimistas e conciliadoras. Para preservarem a paz num ambiente são capazes de grandes esforços. Fogem da tensão, têm dificuldade em dizer "não" e minimizam ou evitam os problemas. Por serem pró-activas não aceitam a teimosia e inércia dos outros. São óptimas a resolver conflitos e a tranquilizar ambientes."

29 setembro, 2007

se um dia me aproximar de ti
não penses que é só um flirt
não julgues que é um filme
que já viste em qualquer parte
pensa bem antes de agires
evita ser imprudente
faz a carta do meu signo
e vê à lupa o ascendente

27 setembro, 2007





Eles caminhavam de mãos dadas junto ao rio. Os passos eram lentos e arrastados, os sapatos pretos, bem engraxados, e as sandálias de couro castanho colavam-se ao chão, como estivessem a exigir ficar mais tempo naquele lugar. O silêncio era apenas interrompido pela brisa quente que soprava de sul e pelo barulho dos saltos dos sapatos dela, cada vez que tocavam na calçada. Sabiam que o amor que tinha estado tanto tempo trancado no baú estava prestes a saltar-lhes pelos poros. Naquela tarde quente de Julho fizeram exactamente o mesmo percurso que Alice tinha feito quando conheceu Manuel. Encontraram-se numa esplanada da Baixa. Ela tinha ido comprar tecidos com a irmã. Ele lia uma revista de viagens e fumava tabaco de enrolar. Os olhares deles cruzaram-se e prenderam-se um ao outro. Ele, que sempre foi mais espontâneo, convidou-a para lanchar. A irmã afastou-se com a desculpa de que ia à farmácia e deixou-a ali sozinha com ele. Ele falou-lhe de viagens, de gastronomia, de vinhos, do seu Alentejo. Ela contou-lhe que era costureira. Falou-lhe das sedas, dos algodões, dos cetins e das fazendas. Comeram pastéis de nata e saborearam um café com um travo a canela. Contaram histórias, partilharam experiências, riram-se e encontraram-se. Foi naquela tarde que a vida deles se cruzou. Tinham vinte anos e muitos sonhos pela frente. Ela acreditou que era amor à primeira vista e ele deixou-se levar pela alegria e doçura que ela lhe dava todos os dias. Casaram-se e durante dois anos viveram um para o outro, um pelo outro, os dois num só. A paixão desabrochava como uma frésia na Primavera. Era doce, perfumada, fresca e ao mesmo tempo delicada. Ele tornou-se um grande repórter e ela ficava cada vez mais tempo sozinha, em casa, na companhia das plantas que ia comprando. Ele escrevia cartas e ela guardava-as num baú. Chorava cada vez que lia as palavras dele e pedia a Deus que o trouxesse o mais depressa possível. Ela cozinhava, lavava a roupa, costurava, limpava a casa sempre na esperança que ele voltasse naquele mesmo dia. Passou um ano e ele não apareceu. Passou-se outro e mais outro e as saudades iam ficando acumuladas no baú, misturadas com as cartas. Meses depois ele deixou de escrever e ela pensou no pior. Ia à Igreja todos os dias, acendia velas, punha a mesa para dois, cozinhava os pratos preferidos dele para o jantar e fazia-lhe fatos de linho e de fazenda. Dez anos de esperança, trinta anos de amor. Quarenta décadas depois ele voltou com uma família nova, já era pai de dois filhos, e tinha ficado viúvo há uns meses. Arrependeu-se de ter abandonado Alice, a mulher que contava os dias para o reencontrar, que prometeu por várias vezes ir a Fátima se o seu Manuel voltasse. Uma mulher que passou três décadas, sozinha em casa, na companhia das plantas, à espera do homem que ainda a fazia suspirar cada vez que pensava nele. Alice tinha-se despedido dos últimos trinta anos da sua vida vazia, sufocada por quatro paredes, e decidira ir para um lar, no Chiado, onde podia espreitar a vida da Baixa através de uma janela.
Foi daquela janela que avistou Manuel, que subia a rua do Alecrim com algum esforço, abrigado pela sombra. O coração dela disparou. Não, não era uma taquicardia daquelas a que ela já estava acostumada e para as quais o médico lhe tinha receitado medicamentos. Era amor, eram saudades, era a vontade de abraçar Manuel, que fizera com que o coração disparasse. Alice desceu as escadas o mais depressa que pôde, agarrada ao corrimão. Antes de sair olhou-se ao espelho e reparou que não tinha pintado o cabelo e percebeu que na sua pele tinham brotado mais rugas, que lhe vincavam o olhar. Abriu a porta e seguiu o perfume dele. Ainda era o mesmo, um perfume fresco, uma mistura de damasco e menta. Alice chamou Manuel. Ele olhou de imediato para trás. Os olhares cruzaram-se quarenta décadas depois de se terem enfrentado pela última vez. Não era o Manuel, o seu grande amor, era Jerónimo, um ex-coronel que vivia há uns meses na Rua da Prata. Nunca se tinham cruzado. Ele, que sempre desconfiou das partidas do destino ou de milagres, acabou por agradecer a quem colocou Alice no seu caminho. Aquele seria o primeiro dia de uma velhice passada a dois, no meio de quarto paredes, com uma janela sobre o Chiado. A velhice devolveu-lhes a vida, o amor, e preencheu a solidão a que ambos pareciam estar destinados.

25 setembro, 2007

FINALMENTE... A BÔDA!
Depois de meses de preparativos eis que chegou o dia 21 de Setembro de 2007. A noiva passou a noite de 20 para 21 cá em casa, no quarto dela, que agora é o meu (no fundo, continua a ser nosso). Dormimos juntas, partilhei com a minha mana a última noite de solteira da vida dela. Infelizmente não lhe pude dar a atenção que ela merecia porque estivemos a testar a surpresa que preparámos para os noivos (eu e os irmãos do Francisco - a Joana e o António). Quando cheguei ao quarto já ela estava a dormir. Estava tranquila, serena. Fiquei algum tempo a olhar para ela, antes de adormecer. Ainda lhe perguntei se estava tudo bem e ela, a tentar vencer o sono, respondeu que sim. Sorriu e voltou a render-se aos sonhos.
Ainda acordei durante a noite com um nervoso miudinho. Bebi água, li o jornal e voltei a adormecer.
O despertador tocou e descemos até à cozinha para tomar o pequeno-almoço com os meus pais e primos. Ela continuava tranquila, afinal esperava-a um dia muito feliz.
Ainda tratámos de algumas coisas calmamente e fomos para o cabeleiro, tratar dos cabelos e maquilhagem (coisas de mulheres!). A minha mãe despachou-se primeiro e eu também não demorei muito tempo (felizmente).
Cheguei a casa e engoli qualquer coisa, que as horas começavam a aproximar-se. Tratei do material que era preciso levar e ainda falei com o Francisco, cuja voz, aparentemente, estava serena.
Percebi que o meu pai, que é mestre em esconder as emoções por baixo da carapaça, estava ansioso.
Vesti-me e coloquei as coisas que precisava de levar para a Igreja dentro do carro. Quando a minha irmã chegou fiquei deslumbrada com a maquilhagem e o penteado... Estava linda, linda, linda! Subiu a correr para vestir o tal vestido, aquele que escolheu para celebrar o dia mais feliz da vida dela (pelo menos até agora). A Natália, a nossa querida amiga e cabeleireira veio colocar-lhe o véu e acabou por ajudá-la a vestir-se. Quando entrei no quarto, deparei-me com a noiva mais bonita que vi em toda a minha vida (tenho noção de que sou suspeita... Mas ela estava deslumbrante). Enquanto colocava perfume dizia que estava a começar a sentir borboletas no estômago. Quando ela desceu as escadas o meu pai olhou para ela muito emocionado. O fotógrafo e o câmara começaram a trabalhar de imediato. Ainda tive tempo de tirar umas fotos e mal a Joaninha chegou fomos directas para Colares, a trinta à hora (digamos que tivemos um bocadinho de azar ao atravessar a serra atrás de uma caravana). Enfim... Já o noivo me ligava a perguntar pelos missais.
Lá chegámos à Igreja, que estava muito simples mas muito bonita, cheia de rosas brancas. Com a ajuda da Joana e da Joaninha espalhámos os missais no banco. Vi o Ricardo com o quarteto e combinámos um sinal para a entrada da noiva.
As pessoas começavam a juntar-se e o momento tão aguardado estava mesmo prestes a acontecer.
Os meninos das alianças, o Manel, a Leonor e o Diogo, estavam lindos, de azul bebé e branco. Entraram e logo a seguir entrou a Andreia de braço dado ao meu pai, que disfarçava a sua emoção com um sorriso rasgado. O Francisco não tirava os olhos da noiva. A música do quarteto encheu a sala. Quando o meu pai "entregou" a Andreia ao Francisco eles olharam-se com tanta ternura, tanta felicidade, tanto amor.
O padre Nuno Westwood celebrou uma cerimónia muito bonita e sobretudo descontraída. Acho que só um padre como ele era capaz de me aproximar da Igreja pelo seu discurso tão actual, moderno.
Foram feitas as leituras pela Tchi, Ana Rita, Zica e Inês e depois foi celebrado o casamento. O momento foi de muita emoção. Para mim, foi muito especial. Depois da troca de alianças, seguiu-se a oração dos fiéis. Fui ler, com uma voz trémula, quem me conhece, sabe que eu detesto falar assim em público, sou mais "low profile". Fi-lo por eles. Depois foi a vez do António e foi a minha irmã que finalizou com um agradecimento que me tocou em especial, em relação à minha avó Rosa e ao meu avô Manel. Confesso que me emocionei bastante nessa parte.
Depois nós, os padrinhos, fomos assinar a parte burocrática e os noivos saíram da igreja ainda mais felizes do que entraram. Uma chuva de arroz e pétalas voou sobre eles.
Casados de fresco, lá partiram para a quinta. Apesar de algumas pessoas se terem perdido (umas mais do que outras) fomos todos parar à Quinta Velha.
A sala estava muito bem decorada, adorei os candelabros.
As pessoas estavam reunidas, faziam grupos, cumprimentavam-se umas às outras, vi muitos sorrisos, muitos abraços, muitos ajustes de contas com as saudades.
Os noivos, esses, estavam cada vez mais felizes.
Chegou a altura do jantar e lá nos sentámos nas mesas. Fiquei na dos noivos, por causa do estatuto de irmã! : ))
O jantar passou a correr, entre conversas na mesa, nas outras mesas, entre ir espreitar as crianças e matar saudades de pessoas que já não via há muito tempo.
O momento alto do copo de água, foi a abertura do baile, depois de prevaricar no bolo dos noivos (é a facadinha, Doutor Póvoas!). Embora o noivo e a noiva não se tivessem ajeitado muito bem com a valsa (para o ano ofereço-lhes um curso intensivo de dança) o som começou a ligar as pessoas à corrente. A partir do Möet & Chandon tudo mudou... (apesar de eu só ter bebido o néctar muitas horas depois). Na pista de dança, os corpos soltavam-se descontroladamente. Um passinho para aqui, outro passinho para ali, muitos sorrisos, risos, olhares... A diversão dos noivos propagou-se pela sala inteira. Foi lindo! Estava toda a gente feliz, ou pelo menos a maior parte. Ora se brindava a tudo, ora se fazia uma coreografia organizada, ora se brincava, ora se fumava um charuto ou cigarrilha... Ora se bebia! Enfim, houve um momento em que percebi que toda a gente estava na mesma onda, a da boa disposição!
O noivo estava tão descontraído, tão divertido, sempre de copo e charuto na mão (está registado!). A noiva cada vez que dava um passinho era mais um pedaço de véu que ficava no chão.
Chegou a hora da surpresa, que preparámos com tanto carinho. Depois de uma coluna de som ter estoirado e alguns problemas técnicos terem sido resolvidos conseguimos passar a apresentação que fizemos no powerpoint para os noivos. Eles adoraram. A verdade é que ouvi muitos risos e vi lágrimas no rosto da Andreia (para lamechas basto eu!). Tenho de agradecer a todas as pessoas que contribuiram para este projecto ( a Joana e o António, claro, e a todas as outras que forneceram fotografias).
Depois daquele momento, o baile continuou, com menos pessoas, é certo. Só ficaram os resistentes, mas fomos suficientes para manter a festa até às quatro e tal da manhã. Mas a diversão não parou aí. A Li, Nuno, Tchi, Ana Rita e André tinham preparado a noite de núpcias para os noivos (com o pormenor de eles não saberem onde é que iam passar a noite). Portanto, depois de levantarmos acampamento da quinta, o André e a Ana Rita comprometeram-se a levar os noivos até ao hotel e eu e a Joaninha íamos atrás dele, em caravana. Mas combinámos pregar-lhes uma partida. Páramos na IC19, junto ao Motel Requinte e tentámos convencê-los de que ali seria o ninho de amor deles naquela noite tão especial... Coitadinhos! O Francisco já estava por tudo. DE charuto na mão, ia dizendo "bora lá, eu fico em qualquer lado!". A minha irmã recusava-se a sair do carro, estava tão deprimida... A Joaninha era a mais convincente: "vão ficar na melhor suite, é linda, têm uma piscina só para vocês!". Quando saímos todos do carro (menos a Andreia que teimava em recusar aquela realidade) e o vento gelado que vinha da serra começou a invadir-nos as entranhas, resolvemos dizer a verdade: Estávamos a brincar! A expressão da noiva foi de alívio e o noivo só se ria. Seguimos viagem até Cascais. ELa ia de olhos vendados mas o noivo não aguentou o suspense. Foi então que parámos o carro mesmo em frente ao Hotel Miragem, onde a noiva tinha estado no próprio dia a arranjar o cabelo!
Eles ficaram radiantes com a surpresa. Entrámos todos no lobby. Ela com o vestido de noiva que tinha passado do tom champanhe para o cinzento e ele, desgravatado, de charuto na mão. Despedimo-nos deles e voltámos para o carro. No quarto, esperavam-lhes morangos com chocolate, champanhe, pétalas de rosas em cima da cama e uma vista sobre a praia deslumbrante!
Quando cheguei a casa estava de rastos mas adormeci com a certeza de que aquele tinha sido o casamento dos sonhos da minha irmã. Fiquei muito contente por ela. Não só pela cerimónia e pela festa ter corrido bem como, sobretudo, por ela ter encontrado a pessoa certa, que a faz muito feliz. Confesso que adoro o meu cunhado (agora é mesmo oficial!).
Foi um dia inesquecível! Adorei estar com a família mais próxima, com a família que vejo menos vezes, com a família que vive longe mas que consegue estar sempre tão perto, com os amigos (que no fundo, são a família que nós escolhemos). Gostei muito de conhecer outras pessoas, adorei o espírito do casamento! Está guardado no albúm dos melhores momentos. Agora falta o vídeo e as fotos!

Quando chegou a domingo, fiquei com uma sensação de vazio inexplicável. De repente, toda a gente se tinha ido embora e a casa estava vazia. Senti-me invadida por uma melancolia, daquelas pós-Natal, que sinto sempre no dia 26 de Dezembro. Mas já passou!

O casalinho tem dado notícias, a viagem está a correr muito bem. Estão a adorar a lua-de-mel. : ))


23 setembro, 2007



Olh'Ó NELSOL!!!






























A DESPEDIDA!


Pois que a noiva nada sabia do que a esperava no dia 8 de Setembro de 2007. Foi tudo combinado ao pormenor, queríamos uma despedida de solteira diferente (sem direito a véus pirosos, streaptease e bouquets sugestivos). Só contactei as pessoas que sabia que a minha irmã fazia questão que fossem e acabou por se formar o CDSA (Comité da Despedida de Solteira da Andy) e os membros não podiam ter sido mais participativos. A primeira data (1 de Setembro) teve de ser desmarcada porque infelizmente S. Pedro não esteve connosco. Mas na semana seguinte conseguimos passar um belo dia! Só houve desvantagem - algumas meninas não puderam ir nesse sábado.

Fomos pela a A5 e depois atravessámos a ponte de cabelos ao vento. Mandámos sms à noiva com pistas que davam a entender que íamos para a Costa da Caparica, que era bem bom!
Ela disse que ia para qualquer lado, mas a verdade é que passámos a saída da costa e ela ficou alioviada. Encontrámo-nos na Estação de Serviço do Fogueteiro: a caravana ia crescendo: eu, a noiva, a prima Rita, a Tchi, a Ana Rita, a Li e a Sofia. Depois só parámos em Setúbal, a terra do nosso querido Toy, do choco frito e do Mourinho! ELa ficou radiante quando percebeu que íamos apanhar o barco para Tróia. Foi uma viagem maravilhosa, rimos, tirámos fotos, apanhámos a brisa fresca do mar. Quando chegámos a Tróia, o último quizz: E a noiva acertou em cheio: PRAIA DA COMPORTA!
Chegámos ao areal eram quase cinco da tarde. Passado algum tempo a Inês e a Teresa juntaram-se ao acampamento. Eu e a Li fomos as únicas corajosas a entrar na água, pois a brisa começava a arrefecer. Posta a conversa em dia fomos gozar os últimos raios de sol para os pufs e para as redes do Comporta Café. Bebemos caipiroskas, caipirinhas, ananoskas e ouvimos um saxofonista a tocar... Estava-se mesmo bem!ENtretanto, chegou a Rita, que ficará para sempre a Rita loirinha! Tantas Ritas que fazem parte da vida da minha irmã!
Quando o sol se começou a esconder no mar resolvemos ir para o parque de estacionamento vestirmos o fato de gala! Parecia um acampamento... Roupas em sacos, roupas em cima do carro, meninas em lingerie... Picadelas de mosquitos! Enfim... Muitas toalhitas para tirar o sal e a areia da pele (maldita falta de chuveiro!). O estômago começava a queixar-se, portanto, acabámos de nos arranjar no restaurante Ilha Do Arroz. Adorei! Desde a comida ao atendimento! Recomendo vivamente o restaurante! A noiva estava muito feliz! E as amigas também! Depois de um belo jantar e de shots oferecidos pela gerente iniciámos a distribuição dos mais variados presentes (desde trelas de animais a livros de massagens, passando por botinhas de bebé). A noiva só não conseguiu adivinhar dois presentes através das pistas. Portanto, teve de ir ao castigo depois do jantar.
Ainda houve um presente que chamou a lagrimita: uma compilação de textos que as amigas escreveram...
Os lencinhos foram necessários quando surpreendemos a noiva com uma apresentação de imagens no portátil, com alguns problemas audios (mas fica a intenção).
Depois de um jantar emotivo e muito divertido fomos para a festa de encerramento do Verão no Comporta Café.
Dançámos, rimos, animámos o espaço, que por si só já estava animado. Só faltava o castigo da noiva. De repente, avisto um rapaz de cabelos pelos ombros, desgravatado... E faço sinal à lateira da minha prima Rita. Minutos depois aparece ela a trazer o rapaz literalmente pela gravata. Lá teve e noiva de dançar com o Nelson (para mim será sempre o Nelson!). Digamos que foi um momento inesquecível! Terminado o castigo lançámos o nosso corpo num movimento libertador. De repente, aparece um bailarino, estilo "Angélico" (será sempre o Angélico) e pronto, a noiva começa a entrar em pânico. De facto, ele tinha mais pinta de stripper do que de bailarino! Foi divertido. A caravana começou a abrandar à medida que as horas iam passando. Até que a própria noiva também foi vencida pelo cansaço. Afinal ainda tínhamos uma hora e tal de caminho. Lá resolvemos abandonar o espaço que marcou um dia em cheio! Para a Andreia e para as pessoas que estiveram com ela naquele dia (mesmo a que não puderam estar fisicamente presentes). Em nome do CDSA, quero agradecer as todas as meninas que fizeram parte desta surpresa que tornou o dia da Andreia tão especial!
































Já não escrevo há tanto tempo... Tenho aberto o blogue, penso: "É hoje!" mas depois não consigo escrever nada. Precisei de parar durantes uns bons dias. Foram tantos eventos, andei numa correria, que só me apetece chegar ao próximo fim-de-semana e DESCANSAR!
Mas vamos por partes:
- A GRANDE DESPEDIDA DE SOLTEIRA DA MINHA MANA
- O CASAMENTO DA GRANDE PESSOA, ANA
- O CASAMENTO DA MINHA MANA E DO FRANCISCO

03 setembro, 2007

30 agosto, 2007

Feitas as contas... 25 anos!
Balanço:
- Adoro a minha família, acima de tudo... Tenho a sorte de ter uma família a sério, unida, que se dá muito bem.
- Tenho poucos amigos mas bons (daqueles com quem posso contar sempre);
- Vivo muitos momentos de felicidade e de diversão (sempre em boa companhia, claro)
- Adoro o meu trabalho (não me imagino a fazer outra coisa)
- Já tenho cabelos brancos!
- Já tenho responsabilidades financeiras (leia-se coisas para pagar)
- Sou madrinha (a minha afilhada Leonor é linda)
- Já escrevi um livro (com uma amiga) e vem outro a caminho (como colaboradora).
- Já fiz uma viagem de auto-conhecimento (gostava de fazer novamente)
- Já plantei uma árvore e este ano dediquei-me a plantar várias espécies de flores (mas muitas nem chegaram a nascer)
- Faltam-me os filhos... E o pai deles! Mas isso não é para já ; )
Olhando para trás, estes vinte cinco anos estão a ser muitooooooooooooooooo bons! Olhando para a frente, ainda há tantas coisas que quero fazer...

27 agosto, 2007

Ela morreu carbonizada, dentro do carro, abraçada aos filhos. Esta frase não parou de ecoar na minha cabeça enquanto estava a fazer o esparregado para o jantar. Enquanto os espinafres se misturavam no azeite a ferver eu acabava de ouvir uma notícia que me embrulhou o estômago e que me deixou a cabeça atingir as cinco mil rotações. Até agora.

Não sei quem era a mulher mas imagino-a loura, com o cabelo apanhado por um gancho e com a pele branca, mas dourada pelo quente sol de Verão. Imagino-a a vestir os filhos à pressa, a guardar na mala um pacote de bolachas e uma garrafa de água e a puxá-los para dentro do carro. Tossia com a nuvem de fumo negro que continua a assolar o país e suava em bica enquanto sentava os filhos no banco de trás do carro cinza metalizado. Os vizinhos gritavam para não ir, os bombeiros estariam prestes a salvar-lhes a casa e as vidas. Mas ela não os ouviu, ignorou-os e disse que o fogo lhe podia levar a casa, os móveis, os electrodomésticos e todo o dinheiro mas que não lhe havia de roubar os filhos. Acenou um adeus à pressa e sentou-se ao volante. Os olhos choravam, vermelhos, brilhantes. Perto da retina ainda se avistava uma sombra de esperança. O céu era uma mistura de cinza escuro com laranja forte. As chamas e o fogo fundiam-se num só, com uma força de Adamastor, devorava pinhais, estradas, carris e tudo o que apanhava pela frente, a uma velocidade impressionante.
Ela ligou o motor do opel corsa e os filhos começaram a chorar. Eles olharam para trás e viram os vizinhos a dizer-lhes adeus, a chorar. As mais velhas olharam para o céu e rezaram ao ver o carro a afastar-se. Ela viu a casa, pela última vez, através do espelho retrovisor do corsa. A imagem já estava desfocada, o espelho perdera o brilho desde que o incêndio começara. As paredes estavam manchadas e o jardim coberto por uma camada fina de cinzas. Ela conduziu devagar pelas estradas apagadas e ligou a rádio. Ouvia-se a informação de que várias famílias estavam a abandonar as suas casas e as suas propriedades. O trânsito acumulava-se lentamente, numa luta cruel pela sobrevivência. As crianças choravam, gritavam e ela resolveu mudar a estação da rádio. O barulho dos aviões, das chamas, das sirenes dos bombeiros, das buzinas dos automóveis, contrastava com a serenidade e a doçura da voz de Corinne Bailey Ray a cantar “Like a Star”. O choro dos filhos começou a diminuir de tom. Ela olhou-os através do espelho retrovisor e sorriu. Disse-lhes que ia correr tudo bem. No sentido contrário da estrada vinha um carro a toda a velocidade e o homem que o conduzia esbracejava, gritava para que ela voltasse para trás. A estrada estava a ficar cercada pela fogo. Ela olhou em redor e viu as chamas a aproximarem-se, a devorarem o pinhal e as casas à volta a um ritmo alucinante. O homem acelerou o carro e desapareceu no meio do fumo. Ela olhou para os filhos e eles sorriram. Estavam calmos. Ela olhou mais uma vez em redor e viu o fumo a cercar o carro. A temperatura começou a aumentar muito depressa. O suor misturou-se com as lágrimas que lhe caiam do rosto. Desligou o motor do carro e aumentou o volume da rádio. Tirou o cinto e saltou para o banco de trás, para estar mais perto dos filhos. Sabia que ia morrer. Sabia que eles iam morrer. Tirou da mala o pacote de bolachas e os três comeram-nas. O mais novo pediu-lhe água e ela deu-lha. O mais velho perguntou o que é que estavam a fazer ali. Ela disse que iam fazer um piquenique dentro do carro, para variar. Eles riram-se e acharam boa ideia. Depois queixaram-se do fumo e do calor. Pediram à mãe para ir para a praia. Enquanto tossia começou a sentir-se tonta. Eles queixaram-se com sono. Ela fechou-os num abraço e pediu-lhes que adormecessem. No sonho iam os três para a praia. Ouviam-se as ondas do mar e o cheiro a maresia subia-lhes pelas narinas acima e perfumava-lhes o corpo. À voz de Corinne Bailey Ray sobrepuseram-se os risos das crianças, descalças, na praia, a brincar numa poça, junto à beira-mar. A mãe abraçou-as, apertou-as contra o peito. Depois fechou os olhos com toda a força. Beijou-as na testa e sorriu. A praia era linda.

11 agosto, 2007

Love

Está mesmo em todo o lado. Vai um abracinho?

Ainda consegue surpreender!

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Ratatouille trailer 2

DELICIOSO, completamente apetitoso! Estreia dia 15 de Agosto.

07 agosto, 2007

Fim-de-semana RELAX!
Estava mesmo a precisar de tirar um fim-de-semana longe daagitação da cidade, do trabalho. Mas mais do que isso era urgente dar dois dias de descanso ao cérebro e uma corzinha à minha pele clara. Fui para osossego de Pedras, dormi descansada, apanhei sol, dei muitos mergulhos no mar (tinha tantas saudades, parecia uma criança que nunca tinha visto uma praia) partilhei momentos inesquecíveis com pessoas fundamentais na minha vida e percebi, mais uma vez, que são estes pequenos grandes momentos que me enchem de felicidade. O convívio com a família e com os amigos. É ele que nos enriquece. Revi outros amigos e conhecidos que me fizeram recordar a infância e a adolescência, no tempo em que cada minuto era vivido ao máximo. Jantei em restaurantes com esplanada (comi o meu belo bife de atum - o Dr. Póvoas que não saiba!), percorri as calçadas de Tavira à noite e fiz as minhas caminhadas até à praia. Não vi televisão, não levei o computador, nem sequer li (a não ser a revista Volta ao Mundo, já a pensar nas próximas férias). Levei a máquina mas não tirei fotos. Guardei-as comigo. Porquese há imagens que dispensam palavras também há momentos que dispensam imagens e palavras. Porque aquilo que se passou é muito mais do que as duas coisas juntas. E deste fim-de-semana nunca me hei-de esquecer.

21 julho, 2007

The Fray - How to Save a Life (new music video version)

HOW TO SAVE A LIFE (The Fray)

A melhor música que ouvi nos últimos tempos... ARREPIANTES, a música e o vídeo.
Faz-me lembrar as emoções por que passei no laboratório de Karma - Impressionante!
Pertence à banda sonora da série Grey's Anatomy.





17 julho, 2007

PARABÉNS, PAI!
Sou menina do papá, confesso. Mas o meu pai também é papá da filhinha. Conheço muito bem o meu pai, sei do que gosta, do que não gosta, reconheço-lhe alguns defeitos mas muitas qualidades. Não teve uma infância fácil e como era o mais velho de três irmãos teve de se fazer à vidinha mais cedo. Perdeu alguns sonhos mas construiu outros. Uma família a sério, com a ajuda da minha mãe.
É uma pessoa íntegra, verdadeira, que gosta de estar no seu cantinho mas que não dispensa uma bela patuscada com os amigos.
Este ano a saúde pregou-lhe uma partida e eu fiquei desnorteada mas o meu pai, com aquela calma de sempre, superou tudo.
Fisicamente só herdei o nariz do meu pai e de feitio a necessidade de estar no meu cantinho de vez em quando, a responsabilidade e a serenidade.
Faz 60 anos e está arreliado com o peso da idade. Já lhe disse várias vezes que o importante é sentir-se jovem interiormente. Porque quem olha para o meu pai jamais lhe daria 60 anos.
Amo-o muito.
Começar de novo

(Ivan Lins e Victor Martins)

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as suas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem suas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido
Começar de novo

Fim-de-semana MAIS-DO-QUE-ESPECIAL


Já há alguns anos que me interesso por astrologia. Não propriamente por tarôt... Gosto de mapas astrais e de perceber a sua interpretação. Há uns meses fui desafiada para fazer um laboratório de astrologia Kármica. Um fim-de-semana com um grupo de pessoas, a partilhar várias experiências, a passar pelos doze karmas. Acho que é sempre um pouco assustador fazer uma viagem ao nosso eu, ao nosso auto-conhecimento. Em Março não pude ir mas desta vez senti-me preparada e com uma enorme vontade de partir em busca de mim.

Fiz as malas e lá parti para uma viagem que tenho a certeza de que nunca me esquecerei e que foi o início do processo de uma grande mudabnça interior.

Sorri, ri, pensei, reflecti, partilhei, quebrei, chorei. Chorei muito. Fez-me muito bem. Respirei bem fundo e olhei para dentro de mim. Naquele fim-de-semana não só sobrevivi como vivi. E quero continuar a viver daqui para a frente, sem medos, sem receio de perder. Não é isso a vida? Saborear todos os momentos? Apreciar ao máximo os bons e ultrapassar os maus. É assim que quero viver. Feliz. Em paz.




07 julho, 2007

7/07/2007
Para além de ser um dia especial porque o meu cunhadinho faz anos (Parabéns, mereces ser mais do que feliz - gosto muito de ti) hoje em todo o mundo decorre o concerto Live Earth, que tenta alertar e sensibilizar as pessoas para o mal que andamos a fazer ao nosso ambiente. O probema é muito grave e devemos todos assumir a responsabilidade do estado do nosso planeta. E temos, sobretudo, de fazermos um esforço para minimizar os estragos. Bastam simples gestos para tornarmos o mundo melhor. Reduzir, reutilizar e reciclar são as palavras mágicas! A natureza agradece e nós também!
Até que enfim que uma das minhas escritoras favoritas lançou um blogue! Tive a sorte de conhecer a Ana na escola e de me tornar amiga dela. Escreve maravilhosamente bem e em tudo o que se mete é para ganhar! E não é que ganha mesmo?! Leiam e saboreiem os textos de quem naceu com o dom de mostrar aos outros o mundo através das palavras.

26 junho, 2007

Aimee Mann, a primeira vez em Portugal!



Ela vem cá! Ainda para mais o concerto vai ser no Coliseu de Lisboa, dia 25 de Julho.
Para quem não a conhece pelo nome, Aimee Mann é a responsável pela banda sonora do filme Magnolia. Alguém alinha no concerto?



Aqui fica uma das minhas músicas preferidas dela:


http://www.youtube.com/watch?v=bNbTC6xLVg0

25 junho, 2007

Reencontro de S.João M.

Cada vez mais me convenço de que entre a realidade e a ficção há um espaço bastante ténue. No passado fim-de-semana aconteceu-me um episódio digno de ser contado e que vem a comprovar a minha ideia inicial.

S. João, rumo à Invicta. Três horas no Intercidades, eu, a Pat e a Ana fizemos a festa. Ficamos num hotel simpático, bem no centro da cidade. Num sítio bem esquisitinho, segundo os locais. Eu cá não vi nada! Passeámos pela Ribeira, com os ouvidos bem apurados nos palavrões e depois fomos dar um passeio de barco no Douro, qual turistas! O jantar foi em Matosinhos, num arraial improvisado. Caldo verde, chouriço assado, sardinhas, "fêveras", sangria e leite creme queimado - um banquete bastante festivo! Fomos tratadas que nem princesas! Conhecemos pessoas muito divertidas, extrovertidas, simpáticas. Depois seguimos para o arraial, junto à Foz. Num sítio cujo nome é bem difícil pronunciar. Não arrisco. Entre marteladas, caipirinhas, dança e gargalhadas, descobri-o. Não sei como, nem de onde apareceu mas ele estava ali, mesmo ao meu lado. O rapaz do RER de Paris. Tive uma sensação estranha. Ainda hoje tenho dificuldade em perceber onde começa a realidade e onde acaba a ficção. Ele estava mesmo ali, junto a um dos rapazes com quem jantámos. São amigos. O mais interessante é que nesse dia até lhe tinha mandado um mail a dizer-lhe que ia lá passar o S. João, como fiz com outras pessoas do Porto. Mas ele não tinha ido ao mail nesse dia... De qualquer forma, encontrámo-nos. Sem termos combinado. Foi puramente por acaso. Quase dois anos depois de nos termos conhecido em Paris reencontrámo-nos, no meio da multidão. Conversámos aquilo que as circunstâncias permitiram. Foi muito engraçado. Uma grande surpresa. Em Paris, depois de o conhecer, fui eu que andei à procura dele e encontrei-o. No sábado acho que nos encontrámos. Os dois. Por destino ou acaso.

18 junho, 2007

A lua recortava o céu salpicado de estrelas brilhantes. Ela abriu as portadas do terraço e deixou-se cair na chaise-longue. Estava uma temperatura amena, uma brisa fresca que soprava do mar e que lhe levantava os cabelos negros. Tirou da bolsa uma cigarrilha com aroma de menta e acendeu-a. Olhou para o telemóvel e lembrou-se dele... Ainda tinha no seu corpo o cheiro do corpo dele, um cheiro exótico, a canela. Ainda guardava nos olhos o sorriso ingénuo e uma voz rouca de pronúncia algarvia. Tinha vivido as melhores férias da sua vida desde que se divorciara. Nessa altura deixou de acreditar no amor. Meteu na cabeça que seria incapaz de pensar na ideia de estar com a mesma pessoa até que a morte a separasse dela. Tinha jurado amor eterno uma vez e prometeu que nunca mais o faria.
Chovia torrencialmente quando chegou ao hotel. Nem o guarda-chuva resistiu às fortes rajadas de vento. Meteu-se na recepção o mais depressa que pôde e fez o check in. Entrou numa suite de tons pastel, solarenga, com um terraço virado para a praia. Foi ali que o vira pela primeira vez. Naquela praia cujo areal se perdia de vista. Ele estava ali, com uma serenidade impressionante. Sentado na areia, com o olhar perdido nas ondas. Não era propriamente bonito. Tinha um nariz longo e fino, o excesso de sol tinha deixado marcas no seu cabelo, a pele estava bronzeada, mas tinha um olhar deserto, vazio, e um sorriso apagado. Conheram-se na praia, dois dias depois de ela ter chegado.
(Continua...)

13 junho, 2007

"REIKI - A ARTE DE CONVIDAR A FELICIDADE"

O meu mapa astral diz que tenho de trabalhar a minha espiritualidade. Concordo plenamente! Não foi por acaso que fui parar a uma equipa de trabalho em que toda a gente tem o curso de reiki... Menos eu!
Outro dia tive a sorte de experimentar reiki e depois de receber a energia senti-me mesmo muito bem. Não sei explicar o que senti mas foi qualquer coisa muito forte...
Depois a Filipa emprestou-me um livro que introduz o reiki... O livro instalou-se na minha cómoda
e tenho-o devorado. Tem-me ajudado bastante no auto-conhecimento e cada vez que páro para ler o livro sei que aquele tempo é só para mim, para pensar em mim. Ultimamente tenho-me esquecido do quão importante é dedicarmos algum tempo para pensar na nossa vida. Em nós!

29 maio, 2007

A TAÇA É NOSSA!!!SÓ EU SEI PORQUE NÃO FICO EM CASA...


26 maio, 2007


Dave Matthews Band - A Primeira Vez em Portugal


Valeu a pena esperar estes anos todos. Valeu a pena ter comprado o bilhete em Dezembro. Foi dos melhores concertos a que fui! A capacidade de improviso que esta banda tem torna cada um dos concertos uma caixinha de surpresas. ADOREI e tenho a certeza de que eles também gostaram do público português. Tocaram três horas praticamente sem pausas... Mesmo assim soube a pouco!
Espero que eles regressem... DEPRESSA!


23 maio, 2007

Resumo...
Estive ausente durante algum tempo. Precisei de me afastar porque a única energia que tinha estava a ser canalizada para quem de mais dela precisava: o meu pai. Felizmente a operação correu bem e agora está a recuperar aos poucos. Depois de ter passado por este momento difícil, com muita ansiedade, a paz começa a conquistar-me aos poucos.
Passaram umas semanas e aconteceram algumas coisas importantes. Se começasse a desenvolver cada uma delas nunca mais saía daqui e a verdade é que neste momento não posso perder tempo... Se bem que estar aqui a escrever nunca é perder tempo, é ganhá-lo. Aqui vai o resumo:
1- Recebi um postal directamente do Laos da minha querida amiga, a mais aventureira, Tita Xana. Adorei, Tita, mais um para juntar à minha colecção.
2- Comprei um carro novo. É a minha primeira compra de "peso" e estou muito orgulhosa por aquele carro, que tanto adoro, ter sido comprado com o resultado do meu esforço. É a minha primeira responsabilidade financeira, digamos. O meu primeiro compromisso.
3- Fim-de-semana em Caldas de Felgueira - casamento da minha amiga Mafalda e do André. Foi muito divertido. Foi bom estar com as pessoas da CDC que tantas saudades me deixaram e com a Sara e família. Fiquei rendida ao Sebastião, confesso! Será o relógio biológico?! A Mafalda e o André estavam uns noivos muito elegantes e sobretudo muito felizes!Ficámos hospedados num hotel que mais parecia um lar de terceira idade (ok, o hotel tem termas). Devíamos ser os hóspedes mais novos...
4 - E uma má notícia... A minha querida amiga Joana P. teve um acidente de carro brutal que a levou ao hospital, a ela e às amigas. Uma delas ainda está internada... Espero que recupere rapidamente para ir para casa. Levaram com um bêbedo que ia em excesso de velocidade a passar os sinais vermelhos. Este tipo de coisas revolta-me tanto... Joana, tenho a certeza de que vais recuperar bem, tens muita força - nunca te esqueças disso. As melhoras, amiga...
5- Estive a ver no telejornal uma reportagem extremamente bem feita sobre jovens/crianças desaparecidos... Impressionou-me bastante. Deve ser um pesadelo não saber o que aconteceu a uma pessoa que faz parte da nossa vida. Não saber se ela está morta, se está viva, se fugiu, se foi raptada... Não deve haver maior dor... Desejo que a esperança continue a acompanhar as famílias porque essa deve ser a
única maneira de manter vivo dentro de nós quem se foi embora sem se despedir.

29 abril, 2007


"If you know exactly what you are going to do, what's the point of doing it?"
(Picasso)


Há músicas que nos ajudam nos momentos cruciais. Esta é uma delas. Go ahead!


Put Your Records On


Three little birds, sat on my window
And they told me I don't need to worry.
Summer came like cinnamon ,so sweet,
Little girls double-dutch on the concrete.

Maybe sometimes,
We’ve got it wrong, but it's alright.
The more things seem to change,
the more they stay the same.
Oh, don't you hesitate.

Girl, put your records on,
tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.
Sapphire and faded jeans,
I hope you get your dreams.
Just go ahead, let your hair down.
You're gonna find yourself somewhere, somehow.

Blue as the sky,
sunburnt and lonely.
Sipping tea in the bar by the road side.
(just relax, just relax)
Don't you let those other boys fool you.
Gotta love that afro hairdo.

Maybe sometimes,
we feel afraid, but it's alright.
The more you stay the same,
the more they seem to change.
Don't you think it's strange?

Girl, put your records on,
tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.
Sapphire and faded jeans,
I hope you get your dreams.
Just go ahead, let your hair down.
You're gonna find yourself somewhere, somehow.

Just more than I could take,
pity for pity's sake.
Some nights kept me awake,
I thought that I was stronger.
When you gonna realize,
that you don't even have to try any longer?
Do what you want to.

Girl, put your records on,
tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.(go let your hair down)
Sapphire and faded jeans,
I hope you get your dreams.(hope get your dreams)
Just go ahead, let your hair down. (Baby, let your hair down)

Girl, put your records on,
tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.
Sapphire and faded jeans, (Sapphire and faded jeans)
I hope you get your dreams.
Just go ahead, let your hair down.
Oh, You're gonna find yourself somewhere, somehow

Corinne Bailey Rae

23 abril, 2007

Crónica do hospital

Para a Rita e para o Henrique Bicha Castelo,
que mereciam mais que este texto, com o

amor e gratidão do António

Não quero aqui ninguém. Quero ficar sozinho a medir isto, a minha doença, a minha mortalidade, o meu espanto. Por mais que repetisse

- Um dia destes
não acreditava que o dia destes chegasse. E agora, Março de 2007, veio com a brutalidade de uma explosão no peito. Não imaginava que fosse assim, tão doloroso e, ao mesmo tempo, tão pouco digno como a velhice e a decadência. Tão reles. O olhar de pena dos outros, palavras de esperança em que não têm fé, dúzias de histórias de criaturas que passaram por isso que tu tens agora e estão óptimas. Recuperando aos poucos da anestesia vou dando-me conta de que um bicho horrível em mim, ratando, ratando. Dois sentimentos opostos

- Vou lutar, não vou lutar
e o primeiro fala antes do outro

- Chamem o Henrique
um grande cirurgião, um colega de curso, um amigo, uma das muito poucas pessoas a quem entregaria sem hesitações o meu corpo. Este texto talvez vá um pouco desconexo, desculpem, ainda estou fraco, a cabeça tem lacunas, falta-me vocabulário, há mais de nove dias que não pegava numa caneta e é difícil reaprender a andar. O meu medo que o Henrique não pudesse. Mas disse a quem lhe fala

- Eu vou já lá abaixo
e enquanto me faziam uma TAC vi-o atrás do vidro, sério, a apertar a boca. Depois veio ter comigo

- Opero-te amanhã de manhã
e queria que soubesses, Henrique, a esperança que as tuas palavras me trouxeram. Não só esperança: o que não sei dizer. Ou antes sei mas tenho vergonha. Contento-me em pensar que tu sabes também. Sei que sabes. Basta a maneira de protestares, de mão contrariada

- Não me agradeças, não me agradeças basta o teu afecto pragmático diante das minhas perguntas

- Uma coisa de cada vez
o modo como me disseste

- Eu trato-te
como diante da minha aflição, aflição sim senhor, deixemo-nos de tretas- E se houver metástases no fígado?

- Eu tiro-as
e eu tentando pôr-me no teu lugar pensando como deve ser penoso operar um amigo. Um amigo desde os dezoito anos. Em como deve ser penoso, em como deve ter sido penoso para o Henrique trabalhar com uma carga afectiva em cima dele, naquelas circunstâncias. Mexeu-me todo: tirou a vesícula, tirou o apêndice, até as glândulas seminais andou a ver. Isto há dez dias, onze dias. Escrevo do hospital onde estou, é a primeira vez que uma pessegada destas me sucede.

Magro, magro. Com uma algália ainda: é uma sorte que uma algália ainda, tive mil trezentos e seis tubos a saírem de mim. Espero que na revista entendam a caligrafia tremida da crónica. Suceda o que suceder, uma coisa tenho por certa: isto alterou, de cabo a rabo, a minha vida. Ignoro em que sentido, ignoro como. Sei que alterou. Santa Maria. O que farei daqui para a frente, se existir daqui para a frente? Livros, claro, foi para isso que me mandaram para o meio de vós. Quando isto sucedeu lutava com um, tinha outro pronto, já antigo, pronto há um ano e tal, para Outubro. Para dar tempo aos tradutores de o traduzirem e saírem mais ou menos na mesma altura que em Portugal. Esse livro tem a melhor prosa que fiz até hoje, parece recitado por um anjo. Aquele em que trabalhava é apenas um embrião, cerca de metade do primeiro esboço, falta-lhe quase tudo. A partir de agora, se calhar, falta-lhe tudo. Voltarei a ele? Uma coisa de cada vez, não é Henrique? Vamos a ver. De uma forma ou outra a gente luta sempre. Momentos de quase esperança, momentos de desânimo. Não: momentos de muito desânimo e momentos de desânimo maior, como se me obrigassem a escolher entre o que não vale nada e o que vale ainda menos. Este mês deram-me um prémio literário. Estão sempre a dar-me prémios e claro que tenho prazer nisso, não sou mentiroso nem hipócrita. Toda a gente foi muito simpática

e sem que eles sonhassem(sonhava eu)
o cancro ratando, ratando, injusto, teimoso, cego. Mói e mata. Mata. Mata. Mata. Mata. Levou-me tantas das pessoas que mais queria. E eu, já agora, quero-me? Sim. Não. Sim. Não - sim. Por enquanto meço o meu espanto, à medida que nas árvores da cerca uns pardais fazem ninho. A primavera mal começou e eles : truca, ninho. Obrigado, Senhor, por haver futuro para alguém.

António Lobo Antunes, in Visão nº 736, 12 de Abril de 2007

14 abril, 2007


SANTINI... Já abriu!

Quem é que consegue resistir aos melhores gelados do mundo?

Como foi o primeiro que comi este ano tive direito a desejo!


10 abril, 2007

Destesto ter o blogue desactualizado mas não tenho andado com muita inspiração e acho que só devo escrever neste cantinho quando tenho vontade. E sinceramente não me tem apetecido. Até hoje.
O fim-de-semana passou a correr, com os aniversários (Da Zica, da Rita, do Manel e do Vargas) e os festejo da Páscoa. Não ligo muito a esta época. Respeito quem liga mas a mim a festa do ano é a da família, o Natal.
Mas enfim, dei-me conta que vamos quase a meio da Primavera. De facto, o tempo passa a correr. Mudei de trabalho quase há um ano... Parece que foi ontem que saí da CC. O balanço é positivo. Sinto que tenho aproveitado as oportunidades que se têm atravessado no meu caminho.Passei por experiências novas, confrontei-me com situações que ainda me deram mais vontade de continuar a trabalhar e ir realizando pouco a pouco os meus sonhos. Acho que cresci e precisava disso. Até a minha madeixa branca que me cobre a parte da frente do cabelo acompanhou proporcionalmente este crescimento. Espero que agora abrande um bocadinho - também não preciso de crescer tanto, tão depressa!
Novidades:
- Vou ser madrinha de casamento da minha irmã;
- Ando a ter aulas de dança (estou a adorar)
- Fui matar saudades do ténis (jogo familiar que durou três horas e que me provocou dores nas articulações durante mais de uma semana!)
- As coincidências andam aí!



28 março, 2007

Ontem fez anos uma das pessoas mais importantes da minha vida.
Acho que já escrevi tudo o que tinha para escrever no postal que te dei.
Adoro-te, mana


(Já é oficialmente noiva, com anel e tudo)

23 março, 2007

Parabéns, Jinhas.

Para mim a amizade no seu sentido mais puro tem várias caras. Uma delas é a tua. O tempo fez com que a tua vida se cruzasse com a minha. Tenho a certeza que não há biforcação alguma que nos separe. Já vivemos muitas coisas. Já nos rimos, já chorámos, já ultrapassámos muitas coisas juntas. Já partilhámos muita energia (benditas pedras!!!). Sinto que te conheço e sei que me conheces. Estás sempre aqui. Mesmo quando estás longe. Obrigada pela tua amizade.
Espero que a vida te recompense por tudo aquilo que passaste e que estás a passar. Mereces isso e muito mais. Nasceste para brilhar, Merche!
Beijinhos grandes.
HÁ OU NÃO HÁ COINCIDÊNCIAS?

22 março, 2007

Mais um sonho que se está a concretizar. Aos poucos, para saborear cada momento, devagar, sem pressa. Serenamente.
Obrigada Sara.

18 março, 2007


LADO ESQUERDO

O meu lado esquerdo
é mais forte do que o outro
é o lado da intuição
É o lado onde mora o coração

O meu lado esquerdo
Oriente do meu instinto
É o lado que me guia no escuro
É o lado com que eu choro e com que eu sinto

Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo

O meu lado esquerdo não sabe o que é a razão
É ele que me faz sonhar
É ele que tantas vezes diz não

Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo

(Carlos Tê)

08 março, 2007





HOJE senti que a PRIMAVERA está a chegar...

18 fevereiro, 2007

O que não nos destrói torna-nos mais fortes

A semana que passou foi muito difícil. Parecia que os dias não tinham fim. Dormi pouco. Descansei pouco. Pensei muito. Passei um mau bocado. Mas é isso que nos torna mais fortes, não é? É preciso saber ultrapassar os problemas para que as coisas fiquem melhores, right? Espero que sim. Sinto que é isso que vai acontecer. Já está a acontecer. Esta semana estou um bocadinho mais forte do que a semana passada. As minhas costas estão mais largas, a minha cabeça mais erguida. Depois da tempestade vem a bonança- e hoje o mar está tão tranquilo e o sol tão radiante!

12 fevereiro, 2007

BOAS NOTÍCIAS!!!
(Obrigada, J.)

11 fevereiro, 2007

SIM... Finalmente!

A despenalização voluntária da gravidez é uma questão de consciência. Extremanente subjectiva. Respeito as várias perpesctivas, excepto a da hipocrisia e a do radicalismo. Fiquei contente com o resultado do referendo (apesar da elevada taxa de abstenção - infelizmente ainda há muitas pessoas a demitirem-se da responsabilidade cívica que tem no Estado). Acho que as mulheres devem ter o poder de decidir se querem ou não querem ter um filho e não podem ser condenadas nem incriminadas por terem tomado a opção de não o ter. Ninguém tem o direito de as julgar. Obviamente que o aborto não pode ser encarado com leviandade. Não pode ser um meio contraceptivo. E é importante, para isso, apostar em campanhas fortes, que mobilizem as pessoas, a favor da prevenção. E é necessário e urgente que o Estado também dê apoio a quem quer, a quem deseja, ter um filho.
Espero que esta mudança na legislação seja encarada com grande seriedade e responsabilidade por todos nós. É um assunto muito sério e deve ser tratado como tal.

10 fevereiro, 2007

EU SEI ( Papas da Língua)

Eu sei, tudo pode acontecer
Eu sei, nosso amor não vai morrer
Vou pedir, aos céus, você aqui comigo
Vou jogar, no mar, flores pra te encontrar
Não sei, porque você disse adeus
Guardei, o beijo que você me deu
Vou pedir, aos céus, você aqui comigo
Vou jogar, no mar, flores pra te encontrar
You say good-bye, and I say hello
You say good-bye, and I say hello
Ohohoh
Yeah yeah yeah yeah
Não sei, porque você disse adeus
Guardei, o beijo que você me deu
Vou pedir, aos céus, você aqui comigo
Vou jogar, no mar, flores pra te encontrar
You say good bye and I say hello
You say good bye and I say hello
Ohohoh
Yeah yeah yeah yeah
(Não me canso de ouvir esta música!)

09 fevereiro, 2007


Nada que uma massagem não resolva

Para aliviar as tensões decidi oferecer um presente a mim própria (aliás foi o ginásio que me ofereceu) : uma massagem relaxante (com aromaterapia) no SPA do ginásio onde ando. MARAVILHA! Pois durante uma horinha estive a ser fretenicamente massajada. Vira de um lado, vira de outro. Levanta o braço, vira a perna. A cabeça, o pescoço, a barriga, os pés, as pernas, as mãos. Cremes, óleos, vapores! E para finalizar um chazinho de lúcia-lima. Senti-me uma verdadeira dondoca.
Estou como nova! Era mesmo disto que precisava. Tenho dito!

07 fevereiro, 2007

Há dias em que perdemos o equilíbrio. Hoje está a ser um deles. Quebrei.Nem o meu sorriso (que tantas vezes me ajuda)consegue esconder o desânimo que hoje estou a sentir.Estou triste. Sinto uma dor de cabeça, como se as núvens pesadas e cinzentas que escurecem o céu lá fora tivessem caído sobre mim. E esta chuva que não pára?! Este telefone que não toca (e era tão importante que tocasse)?! E esta preguiça que me prende e não me deixa fazer nada?!
Suspiro. Amanhã é outro dia. Melhor, espero. Bem melhor!Preciso e acredito.

03 fevereiro, 2007




"O amor é alimentado pela imaginação. Por ele tornamo-nos mais sábios do que suportamos, melhores do que nos sentimos, mais nobres do que somos. Através dele podemos ver a vida como um todo, por ele e só através dele podemos compreender os outros nas suas relações reais e ideais. Só o que é puro e puramente concebido pode alimentar o Amor".

Oscar Wilde, in De Profundis

01 fevereiro, 2007

Uma morte é sempre trágica, traz sempre muito sofrimento. Na madrugada de segunda-feira foi a vez da tia Maria das Taipas nos deixar. Já estava em sofrimento há alguns meses e, apesar de custar muito dizê-lo, houve muita gente que pediu a Deus que a levasse, para finalmente descansar em paz. Foi a segunda vez que fui a um velório e a primeira que fui a um funeral. Fugi sempre a sete pés destas situações mas acho que ganhei coragem por causa dos meus primos. Fi-lo por eles.
Estive nas Taipas dois dias e, apesar das tristes circunstâncias que me levaram lá, a verdade é que foi muito bom rever aquela família que está tão longe. Senti-me em casa, senti-me muito acarinhada, senti-me bem. Vivi serenamente aquele momento triste que serviu para nos aproximarmos mais uns dos outros.

Cada vez que lá vou é sempre um orgulho enorme ouvir que sou muito parecida com a minha avó Rosa. Tenho tantas saudades dela que quando ouço a família dizer que a vêem através de mim, do meus olhos escuros, dos meus lábios finos, da minha alegria, fico completamente radiante.
Era muito pequenina quando a minha avó morreu. Tinha seis anos. Mas lembro-me como se fosse hoje. Eu queria ir ter com a minha avó mas não me deixaram. Faz-me tanta falta... Faz-nos tanta falta.
Lembro-me da doçura com que ela tratava os outros. Do seu coração enorme, do seu sorriso carinhoso. Lembro-me de a ver no quintal a tratar das roseiras. Lembro-me de chegar da escola e ter o lanche pronto, em cima da mesa. Lembro-me de dormir abraçada a ela.
Gostava tanto que ela me tivesse visto crescer. Gostava tanto... Mas ficam as recordações. Que só são boas.
NUNCA me vou esquecer nem da minha avó Rosa nem do que ela me ensinou.